Irã afirma não ter planos de encerrar trabalho nuclear
2007-02-05
O Irã não suspenderá suas atividades de enriquecimento de urânio, conforme exige a resolução de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU), disse neste domingo o principal representante da política nuclear do país, na mais recente declaração de Teerã, à medida que o prazo final da ONU se aproxima.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução em 23 de dezembro impondo sanções limitadas contra o Irã, depois que o país recusou-se a suspender os trabalhos nucleares, que potências ocidentais temem serem direcionados à produção de bombas atômicas.
O conselho deu 60 dias para o Irã parar o enriquecimento, processo que pode ser usado para fazer combustível para usinas nucleares de energia, ou material para ogivas. Teerã insiste que o objetivo é pacífico.
"Acreditamos que a resolução tem sérios problemas legais e executivos. Desde o começo dizemos que o Irã não vai implementá-la", afirmou Gholamreza Aghazadeh, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, segundo a agência oficial de notícias, IRNA.
Questionado sobre as declarações iranianas sobre a expansão da capacidade de enriquecimento na sua instalação em Natanz, com a instalação de mais 3.000 centrífugas atômicas, Aghazadeh disse: "Tenham paciência, não vai demorar. Vamos informá-los sobre este assunto."
O Irã já está operando duas cascatas experimentais de 164 centrífugas, que funcionam em velocidade supersônica para purificar urânio. O urânio altamente enriquecido pode ser usado em ogivas atômicas.
Washington disse que seria um erro do Irã acreditar que poderá instalar as centrífugas e evitar novas sanções da ONU, ou mais pressão.
O Irã não disse quando fará anúncios sobre a instalação das 3.000 centrífugas, mas alguns analistas dizem que pode ser durante os eventos para celebrar a revolução islâmica de 1979, até 11 de fevereiro.
"Em breve anunciaremos boas notícias nucleares", disse Aghazadeh, sem dar mais detalhes.
Segundo a mídia iraniana, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que 11 de fevereiro será um dia para "provar o direito óbvio da nação iraniana" à tecnologia nuclear.
Washington afirma que deseja usar a diplomacia para acabar com o impasse nuclear com o Irã, mas não descartou ação militar em caso de fracasso.
Enviados do Movimento Não-Alinhado de países em desenvolvimento visitaram no sábado a instalação nuclear de Isfahan, onde o minério de urânio é convertido em gás. O Irã afirma que a visita demostra franqueza sobre seu programa atômico.
(Reuters, 04/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/02/04/ult729u64483.jhtm