Pelo menos 18 praias do litoral paulista correm o risco de desaparecer nos próximos anos se a erosão não for contida, aponta estudo do Instituto Geológico de São Paulo, órgão ligado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente que monitora os 600 quilômetros da costa.
No litoral norte paulista, entre as praias com alto nível de erosão e que diminuíram de tamanho está Caraguatatuba, que perde três metros de areia por ano. No litoral sul, outro caso dramático é a praia do Gonzaguinha (São Vicente). Nos últimos 40 anos, "sumiram", em média, três metros por ano.
O aquecimento do planeta, a ocupação desordenada da costa (que não respeita o que os especialistas chamam de pós-praia) e a retirada de areia para uso em pavimentação e aterros sanitários são fatores que explicariam a diminuição das praias.
As soluções, segundo especialistas, passam pela mudança no traçado das avenidas e das estradas que "comeram" parte das praias, pela desocupação de imóveis irregulares e pela devolução da areia retirada.
A erosão não se restringe a São Paulo. Afeta, em maior ou menor escala, cerca de 40% dos 8.500 quilômetros da costa do país, diz Dieter Muehe, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordenador da publicação "Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro". Muehe atribui a degradação não só à ação humana mas também às condições climáticas dos últimos anos, com as sucessivas ressacas que atingiram a região Sul do país.
Desde agosto de 2005, houve quatro ciclones extratropicais -fenômeno climático que causa ressacas- de intensidade extrema no Sul, afirma o meteorologista Eugenio Hackbart, da MetSul Meteorologia.
Foi numa dessas ressacas, no final do ano, que a praia da Enseada, a maior do Guarujá, sofreu prejuízo na ordem de R$ 2 milhões, com a destruição de quiosques, iluminação e parte do calçamento. "O que é do mar é do mar", resume o oceanógrafo Fabrício Gandini.
(Por Cláudia Collucci e José Ernesto Credendio,
Folha online, 04/02/2007)