O presidente do Instituto Brasil, do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Haroldo Mattos de Lemos, disse que o aspecto mais importante do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) divulgado hoje (2) em Paris é mostrar que o aquecimento global “está chegando mais rápido e mais forte do que tinha sido previsto até agora”.
O relatório mostra que até o ano de 2100 a Terra se tornará mais quente. O aumento deve variar entre 1,8ºC e 4ºC, o que deve causar derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e intensos furacões. Além disso, segundo Haroldo Lemos, haverá a mudança no balanço hídrico do planeta. “Vai modificar o regime de chuvas. Algumas regiões do mundo vão ter mais chuvas outras vão ter menos. Se as regiões que já têm problemas de escassez de água ficarem com menos chuva, terão sérios problemas de falta de água”, comentou.
Segundo Haroldo Lemos, o relatório mostra que não é mais possível fugir dos efeitos do aquecimento global e da discussão sobre formas de combatê-lo. “Enquanto a mudança climática e os seus efeitos eram coisas de médio e longo prazos os governantes não deram a devida atenção. Com as conclusões desse relatório, os governos vão ter de tomar providências, inclusive porque, com maior conscientização, a população vai passar a exigir que os governos tomem providências com relação a isso”, disse.
O relatório do IPCC foi divulgado em Paris e informa que o aquecimento global significa aumento do nível do mar e catástrofes naturais mais intensas. “A emissão de gases de efeito estufa nas taxas atuais ou maiores têm 90% de chance de causar aquecimento global e alterações climáticas durante o século 21 maiores do que aquelas observadas no século 20”, diz o texto.
Protocolo de Kyoto já não é suficiente
O Protocolo de Kyoto não é suficiente para conter o aquecimento global. Essa é a avaliação do presidente do Instituto Brasil Pnuma, do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Haroldo Mattos de Lemos.
“Os cientistas sabem que essa redução (na emissão de gases) que foi pedida pelo protocolo de Kyoto é totalmente insuficiente. Vamos precisar aumentar, e muito, o corte das emissões dos gases de efeito estufa se não quisermos passar por problemas bastante sérios no futuro próximo”, disse.
O protocolo é um acordo internacional que foi assinado em 1997 e entrou em vigor em 2005. Ele limita a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global pelos países desenvolvidos. A redução deve ser feita em cotas diferenciadas até 2012.
Os Estados Unidos, país que mais emite dióxido de carbono, não assinou o acordo. “Mas hoje eles estão começando a mudar sua posição porque estão reconhecendo que os efeitos do aquecimento global são graves”, disse Haroldo Lemos.
Ele explicou que o Brasil tem feito o seu papel porque usa uma matriz energética limpa e combustível renovável, que é o álcool. Mas ainda sofre grandes desmatamentos, o que contribui para o aumento do aquecimento global.
"Seria uma coisa relativamente simples o Brasil reduzir ainda mais a questão do desmatamento e, com algumas providências a mais, estaria contribuindo, e muito, para evitar esse problema. Se outros países fizessem a mesma coisa, teríamos um efeito menor”, ressaltou.
(Por
Priscilla Mazenotti,
Agência Brasil, 02/02/2007)