A gigante suíça do setor agroquímico Syngenta vai tentar evitar na justiça a desapropriação de uma área de experiência com transgênicos perto do Parque Nacional de Iguaçu, supostamente por atividade ilegal.
A desapropriação foi decretada pelo governo do Paraná de uma área de 143 hectares em novembro, atendendo ao pedido da Ong Via Campesina. A intenção é criar no local um centro de pesquisa em agricultura agro-ecológica.
A multinacional suíça Syngenta entrou com um mandado de segurança contra a desapropriação da estação de pesquisa em Santa Teresa do Oeste, no Paraná, decretada em novembro pelo governador paranaense Roberto Requião.
A fazenda, situada a 4 kms do Parque Nacional do Iguaçu - tombado pela Unesco como patrimônio mundial da humanidade - era utilizada pela empresa suíça para testes com soja e milho transgênicos.
No mandado de segurança impetrado na justiça do Paraná, o diretor geral da Syngenta Seeds no Brasil, Pedro Rugeroni, alega que a direção da empresa acredita que há lugares mais adequados para implantar esse tipo de projeto no Brasil, referindo-se ao centro de pesquisa em agricultura agro-ecológica que seria criado na área desapropriada.
"Temos argumentos legais para atacar o decreto do governador", afirmou o porta-voz da Syngenta Medard Schoenmaeckers. A empresa garante que está preparada para recorrer em todas as instâncias do sistema judiciário brasileiro.
Em março do ano passado, o Ibama processou por crime ambiental a empresa e outros dezesseis produtores da região por plantio de soja dentro da zona de amortecimento de 10 kms do Parque Iguaçu, estabelecida para evitar eventual contaminação da biodiversidade. A Syngenta foi multada em 1 milhão de reais (600 milhões de francos suíços).
Desde essa época, cerca de 300 militantes da Ong Via Campesina estão acampados perto da fazenda da Syngenta.
O decreto de expropriação assinado pelo governador paranaense e a decisão de criar no local um centro agro-ecológico atendeu a uma demanda da Via Campesina, que enviou congratuções a Requião através de uma carta.
Nada ilegal
Em Basiléia, sede mundial da companhia, a Syngenta nega terminantemente qualquer atividade ilegal em Santa Tereza do Oeste, afirmando que suas experiências são feitas fora da área de proteção ambiental.
A empresa afirma que obteve todas as autorizações legais da Comissão Técnica Nacional para a Biossegurança para fazer suas experiências e alega ser vítima de uma luta de poder entre a Comissão e o Ibama.
A companhia suíça suspeita que desapropriação é motivada por razões políticas porque a Procuradoria do Paraná havia dado razão à Syngenta. "É fato que o governador paranaese já havia se expressado contra os transgênicos", disse o porta-voz Schoenmaeckers a swissinfo
A multinacional suíça acrecida que a posição do governador não é representativa de toda a sociedade local. "Estamos presentes da região desde 1988 e nunca fomos hostilizados pelos agricultores", acrescentou Schoenmaeckers.
A Syngenta espera nos próximos meses uma decisão favorável da justiça contra a desapropriação.
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Swissinfo, 01/02/2007)