Ibama apreende 342 aves silvestres no Vale do Itajaí (SC)
2007-02-01
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu ontem 342 pássaros silvestres de um criadouro em Guabiruba, Vale do Itajaí. O proprietário havia sido autuado dia 18 de janeiro por maus-tratos aos animais. De acordo com a bióloga e analista ambiental Edinéia Caldas Correia, do Ibama, no final de 2005, o instituto e a Polícia Federal realizaram uma operação de combate ao tráfico de animais na região Sul do País. Na época, foram encontrados indícios de que o proprietário do criadouro, Alcino Boos, estaria envolvido com a atividade.
Desde então, suas ações foram monitoradas. A suspeita era de que ele estaria vendendo pássaros que não eram originários do criadouro. Os estabelecimentos comerciais registrados e autorizados pelo Ibama, como é o caso do de Alcino, só podem comercializar animais que tenham nascido no local, resultados de cruzamento de espécimes legalmente adquiridas.
Em 18 de janeiro deste ano, fiscais do Ibama foram à propriedade fazer uma vistoria e detectaram situações que caracterizam maus-tratos contra os animais. Foram encontradas tocas de ratos e muita sujeira nos viveiros. Além disso, alguns pássaros eram mantidos em gaiolas, o que é proibido em criadouros.
No mesmo dia, foi coletado sangue de araras-canindé (azuis) que não devem ter nascido no criadouro. O teste de DNA, que irá sair em cerca de um mês, irá confirmar se elas são mesmo filhas das aves indicadas. Caso contrário, ficará comprovado que elas foram adquiridas de traficantes e a posse é ilegal.
Os pássaros foram retirados e encaminhados aos zoológicos de Pomerode, Camboriú e Salete e ao Centro de Triagem de Animais Silvestres da Polícia Ambiental, em Florianópolis. Os fiscais levaram quase a tarde toda de ontem para conseguir retirar todas as aves de seus viveiros, colocá-las em gaiolas e encaminhá-las aos seu novo destino. Alguns animais apresentavam sinais de que não viviam nas condições indicadas pelo Ibama. Entre as espécies, estavam o papagaio do peito roxo, ameaçado de extinção, e as mais conhecidas, como o papagaio e as araras azuis e vermelhas. O valor de venda de cada ave varia entre R$ 100 e R$ 3 mil.
Alcino irá responder a um processo administrativo do Ibama e outro, penal, na Polícia Federal. O valor da multa poderá ser revisto. A pena por maus-tratos prevê detenção de três meses a um ano. A multa aplicada pelo Ibama em função dos maus-tratos foi de R$ 703.900,00. Caso seja confirmada a posse ilegal de animais, ele deverá receber nova multa. A pena pelo crime é de seis meses a um ano de detenção. Alcino se defendeu dizendo que as aves foram adquiridas legalmente.
(Por estephani Zavarize, A Notícia - SC, 01/02/2007)
http://www.an.com.br/2007/fev/01/0ger.jsp