Reunidos ontem (30/01) pela manhã na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), prefeitos da região decidiram criar uma comissão para tentar encontrar alternativas capazes de amenizar as restrições feitas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), através do zoneamento ambiental à silvicultura que pode impedir a instalação de projetos de reflorestamento na região. Integram o grupo os prefeitos Neto Rosa de Santana da Boa Vista, Henrique Knorr de Jaguarão, Adão Orlando de Cerrito, Moacir Otílio Alves de Pedro Osório, Marco Aurélio da Silva de Herval, Francisco Luçardo de Piratini, Cássio Mota de Canguçu e José Felipe da Feira de Pinheiro Machado.

O tema veio à tona na última segunda-feira, em Porto Alegre, durante reunião-almoço promovida pela Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor) com a presença da secretária do Meio Ambiente, Vera Callegaro, o presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Renato Breunig, representantes do setor florestal, prefeitos, vereadores de diversas regiões do Estado e da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Azonasul e pesquisadores de universidades. Os presentes discordaram do zoneamento ambiental e querem que o assunto seja amplamente debatido com o próprio Governo - representado por integrantes de outras Secretarias - e demais segmentos do setor.

Reunidos com a governadora Yeda Crusius na semana passada, representantes da Ageflor e de entidades ligadas ao Comitê da Indústria da Base Florestal e Moveleira da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) pediram à chefe do Executivo prioridade aos projetos florestais e uma solução para esta questão. De acordo com a secretária de Meio Ambiente, Vera Callegaro, está em formação o grupo que analisará, em dois meses, o novo relatório que será entregue ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). Para que o plantio não seja prejudicado no Estado, a titular da Sema vai, ainda, solicitar junto ao Ministério Público (MP) a renovação - para 2007 - do Termo de Ajuste de Conduta (TAC). O documento, acordado entre a Secretaria, a Fepam e o MP permitiu o plantio no ano passado.

Segundo o diretor técnico da Fepam, Jackson Müller, o texto do zoneamento florestal está em processo de construção e não inacabado como foi noticiado e a Fepam aguarda somente o retorno do Arranjo Produtivo de Base Florestal - formado por entidades do setor empresarial e público, como Federação da Agricultura (Farsul), Ageflor e Famurs, além de ONGs e universidades - para dar início ao processo de discussão do documento. A expectativa é de que o debate se inicie já com a retomada das reuniões do Consema, em fevereiro.

Preocupação na Zona Sul
Na reunião de ontem na sede da Azonasul, em Pelotas, a presidente da entidade Selmira Fehrenbach - prefeita de Turuçu - citou pontos problemáticos no zoneamento, como a restrição do plantio de eucaliptos em terras baixas e a menos de 1,5 metro da afloração de rochas. “Pedras Altas não registra 50 metros sem que haja uma pedra. Isso exclui o município inteiro do plantio de florestas”, exemplificou.

A prefeita ainda manifestou preocupação com a proximidade do período de plantio do eucalipto e a falta de um lastro legal para a instalação da Votorantim Celulose e Papel (VCP) em um dos municípios da Zona Sul. O prefeito de Pelotas, Fetter Júnior (PP), ressaltou que as autoridades regionais não abrem mão de diversificar a matriz produtiva tanto na implantação florestal como na de fábricas.

Ele também considerou essencial, e que não pode ser esquecido, o investimento de 1,2 bilhão de dólares feitos pela VCP na região. “Este é o maior investimento privado dos últimos 20 anos, quatro vezes maior do que a montadora General Motors (GM) e o dobro do Pólo Petroquímico e vai gerar muitos empregos”, enfatizou.
(Diário Popular, 31/01/2007)
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