Um seminário sobre os mercados envolvendo agroecologia, que iniciou ontem e segue até amanha, reúne representantes de sete países em Santa Cruz do Sul. O evento organizado pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa) tem como objetivo promover a busca de alternativas para o desenvolvimento de técnicas de agricultura ecológica, que tem como princípio o cultivo de alimentos sem o uso de adubação química e agrotóxicos.
Encontros semelhantes a esse já foram desenvolvidos em diversos países. De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador do Capa de Santa Cruz, Jaime Weber, entre os pontos abordados nas discussões estão o crescimento do consumo de hortigranjeiros e alimentos industrializados de maneira orgânica. Dessa maneira, segundo ele, os representantes estrangeiros podem se organizar junto aos brasileiros para buscar o mercado internacional, principalmente o da Europa. “Há um grande mercado para os produtos orgânicos e a forma mais adequada para conquistá-lo é reunir os grupos para buscar alternativas de produção e comercialização”, disse.
Com um crescimento médio de 40% ao ano a agroecologia representa uma tendência mundial, avaliaram os participantes do encontro. De acordo com o representante da Corporação Educativa para o Desenvolvimento Costarriquense (Cedeco), Manuel Amador, as técnicas começaram a ser desenvolvidas em seu país na década de 1980 e tiveram como foco as vendas externas. Agora os grupos de produtores estão se organizando para conquistar cada vez mais consumidores. O modelo adotado para isso é brasileiro, onde existem cooperativas que já trabalham com a comercialização e industrialização de alimentos livres de componentes químicos. Na Costa Rica atualmente existem 10 mil hectares cultivados dessa maneira e a expectativa é ampliar esse número dentro dos próximos anos. A agroecologia representa 2% da ecomonia costarriquenha.
Para o engenheiro agrônomo Laércio Meirelles, do Centro Ecológico localizado em Dom Pedro de Alcântara, no Litoral Norte, o seminário pode proporcionar melhores condições de renda aos agricultores que promovem a diversificação por meio da agroecologia. “O consumo mundial está crescendo de forma significativa e por isso há uma grande chance de ingressar no mercado com esse tipo de produção”, explicou. Em sua região, pelo menos 200 famílias já trabalham dessa maneira e a expectativa é ampliar o número.
Os participantes do seminário concordam que além de buscar uma nova fonte de renda, a agroecologia também deve garantir melhores condições de saúde para os consumidores. Atualmente esse mercado movimenta 30 bilhões de dólares somente na Europa.
(
Gazeta do Sul, 31/01/2007)