Um outro lado da história, o esfriamento global
2007-01-31
A Terra está à beira de uma nova era glacial, que congelará sua superfície quase completamente, afirma, com base em estudos científicos, o livro “Calor glacial”, que será apresentado nesta terça-feira na capital espanhola pelo jornalista Luis Carlos Campos. O autor, especializado em mudança climática, fundamenta sua afirmação com pesquisas de milhares de cientistas, conferências e antecedentes precisos. Entretanto, ele se contrapõe ao que afirma o Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), organismo criado pela Organização das Nações Unidas com a participação de 2.500 cientistas de 131 países, que está reunido esta semana em Paris.
O IPCC afirma que o aumento do dióxido de carbono (CO²), originado pelo consumo exagerado de combustíveis fósseis, está esquentando a terra e que, entre outras coisas, isso leva ao degelo nos pólos, o que causaria uma elevação do nível do mar e com isso a inundação de grandes áreas costeiras. Campos, ao contrário, afirma que a fase interglacial atual, que já tem 11.500 anos de existência, está em sua etapa final e seria sucedida por uma nova era do gelo. A esse respeito cita Niger Calder, ex-editor da revista New Scientist, que disse que “a ameaça de uma nova era glacial deve ser agora, junto com a guerra nuclear, a fonte mais provável de morte global e miséria para a humanidade”.
Nessa linha também apresenta opiniões de Fred Hoyle (1915-2001), o astrofísico britânico que detratou e chamou ironicamente de “Big Bang” (grande explosão) o modelo dentro da teoria da relatividade geral que descreve o desenvolvimento do Universo e de sua forma, e de seu companheiro o astrônomo Chandra Wickramsinghe, da Universidade de Cardiff, no País de Gales. A nova era glacial é “inevitável” e ela deixará “inoperantes grande parte das áreas cultivadas (...), o que levará inevitavelmente à extinção da maior parte da humanidade”, segundo estes cientistas responsáveis pela teoria da Panspermia, a qual afirma que a vida não surgiu na Terra, tendo chegado em cometas capazes de dispersar o mesmo tipo de vida.
Outro cientista, Zbigniew Jaworowski, do Laboratório Central para a Proteção Radioativa de Varsóvia e assessor do governo dos Estados Unidos, diz que florestas, lagos, animais, cidades e toda infra-estrutura da civilização moderna “serão varridos pelo avanço do gelo (...) e será incomparavelmente mais calamitoso do que todas as profecias apocalípticas dos que sustentam a hipótese do aquecimento global”. Os motores da mudança climática – diz Campos – não seriam nem o CO² nem o buraco na camada de ozônio, nem os aerossóis contaminantes que o provocam, mas a influência dos raios solares e cósmicos, que são fluxos de partículas carregados de alta energia, o que documenta com um escrito assinado por 17.800 cientistas.
Campos explicou que a Antártida é considerada pelos especialistas em clima como o barômetro do clima mundial. “Os dados indicam que há cerca de 35 anos grandes áreas da Antártica esfriaram, enquanto uma pequena parte da península Antártida (fora do círculo polar) derrete à velocidade vertiginosa”, afirmou. Em sua opinião, isso indica que o aquecimento não é global “e que os cientistas, ecologistas e jornalista até há poucos anos manejavam dados equivocados ou incompletos”, por exemplo, “confundindo a península antártica com o continente antártico”.
A teoria do buraco de ozônio, que indica que as grandes emissões de CO² estão reduzindo esse gás e com isso aumentando o calor na Terra, o jornalista qualifica como “bobagem” e afirma que é “o maior erro científico da história”. Campos fundamenta essa afirmação, entre outras pesquisas, em um estudo de 2005 de John Pyle e outros cientistas da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, os quais concluíram que a redução do ozônio está aumentando e se deve ao incremento de nuvens estratosféricas, e não pela contaminação.
O climatologista Antón Uriarte, professor de Geografia Física da Universidade do País Basco, disse à IPS que “contra os que nos mentem, a tendência linear da temperatura na maior parte da Europa e da (região russa) Sibéria durante os meses de inverno (dezembro, janeiro, fevereiro) diminuiu nos últimos 15 anos”. Uriarte também acredita que haverá uma era glacial e, embora a interglacial que estamos vivendo já tenha 11.500 anos diante da anterior de apenas 10 mil, “A insolação não e a mesma agora, e por isso as condições não são tão ruins”.
Por isso, disse que apostaria que ela não chegará agora, mas que pode esperar milhares de anos sem apresentar-se. Mas, quando chegar, acredita que toda a Europa se converterá em uma Sibéria e será a região mais afetada do mundo. Perguntado como os cientistas fazem para medir o tempo falando em milhares de anos, respondeu que se faz isso estudando os gelos com sondas, já que até sua cor muda de acordo com as camadas e o oxigênio do gelo indica se houve mais calor ou frio.
Domingo Jiménez Beltrán, ex-diretor-geral de Meio Ambiente da União Européia e atual diretor da Tribuna da Água, disse à IPS que “a mudança é inquestionável, assim como o norte da Europa esfriará e que, sem dúvida, a atividade humana afeta o clima, o faz sem sentido, por exploração irracional de combustíveis fósseis que deveríamos deixar de consumir”. Também explicou que haverá mudanças, mas que não apóia a tese de Campos, mas a do aquecimento global descrito pelo IPCC.
Entretanto, campos insiste, citando o presidente da Fundação Argentina de Ecologia Científica, Eduardo Ferreyra, que escreveu que o ozônio não serve como escudo da Terra contra os raios solares ultravioletas porque carece da energia quântica necessária para absorve-lo, como fazem o oxigênio e o nitrogênio. Ferreyra afirma que “o oxigênio e o nitrogênio são os verdadeiros escudos e representam 99% da atmosfera, enquanto o ozônio representa apenas três milionésimo por cento”. Campos também se soma à opinião de Victoria Tafuri, do Observatório Nacional de Villa Ortúzar, Argentina. “Não observamos nenhuma variação nos níveis da camada de ozônio nos últimos 25 anos”, afirma.
A manutenção da camada de ozônio, acrescenta campos, se deve a interesses de grandes companhias multinacionais, com a química norte-americana Dupont, e até da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa), que desse modo “justifica os 870 milhões de euros (US$ 1,125 bilhão) que gastou em um satélite para investigar o monstro que não existe”. Sobre isto, o cientista britânico Derek Barton (1918-1998), ganhador do Nobel de Química em 1969, havia dito que “há tanta propaganda na mídia em relação ao buraco que as pessoas ficam cépticas. Há 580 milhões de anos, o CO² era de 120 mil partes por milhão devido às explosões vulcânicas, 350 vezes superior ao nível atual, e há cerca de 438 milhões de anos era 16 maior do que agora!”.
Em declarações exclusivas a Campos, Jaworowski afirmou que “Washington usa o assunto climático como uma arma psicológica nos dois casos, tanto com o aquecimento quanto com o resfriamento, pois são uma desculpa conveniente para que os militares demandem mais dinheiro para defender sua doce terra de liberdade de todo tipo de mal”.
(IPS/Envolverde, 30/01/2007)
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