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2001-10-25
Uma das palestras que mais repercutiu no Fórum de Transgênicos foi a do Chefe do Departamento de Plantas e Lavouras da UFRGS, Luis Carlos Federizzi, um defensor do uso dos organismos geneticamente modificados, que tentou rebater todas as críticas usuais que são feitas aos transgênicos. Para o professor universitário, a reclamação da perda de biodiversidade que estes organismos trariam é incoerente, pelo menos em se tratando de região sul, cuja flora praticamente se restringia ao pinheiro antes do povoamento. - O problema da perda de biodiversidade foi criado quando se plantou 3 milhões de hectares de soja no Estado, rebateu. Com relação ao fortalecimento das pragas nas lavouras, Federizzi disse que o fenômeno não é exclusivo dos transgênicos. Segundo ele, se o agricultor usar o mesmo herbicida por anos, é natural que se criem superinços, independente da natureza da plantação. Para evitar o problema, diz o pesquisador, basta ser um pouco inteligente e variar o herbicida. Apesar do conselho, o professor da UFRGS garante que os transgênicos diminuem o uso de agrotóxicos, citando o exemplo do algodão, mas concorda que o glifosato é empregado em maior quantidade quando se trata da soja Roundup Ready, da Monsanto. Antes de responder às acusações endereçadas aos organismos geneticamente modificados, Federizzi fez questão de ressaltar que sua palestra teria um viés científico e fez um breve histórico sobre os transgênicos. Quando a breve retrospectiva chegou aos dias de hoje, ele demonstrou que essa prática é feita há um bom tempo, e que é curioso que o debate e o movimento de contestação aos transgênicos se restrinja aos vegetais. - Se eu for na farmácia ali na esquina, agora, eu compro insulina transgênica. Mas aí não tem Ministério Público para proibir, nenhuma organização está preocupada, disparou. Além da insulina, a vacina contra meningite (vinda de Cuba), o hormônio para o crescimento humano e produtos de limpeza foram citados como exemplos de transgênicos aceitos pela sociedade. Sem falar na Proteína C ativada recombinante humana, apresentada no começo do mês, em Porto Alegre, a 60 médicos de diversos países. - Ora, recombinante nada mais é do que transgênico, disse o pesquisador. Para Federizzi, o medo de que os transgênicos possam trazer danos à saúde vai diminuir com o tempo. Segundo ele, na Inglaterra 90% das pessoas eram contrárias há cinco anos. Agora, a rejeição não passa de 30 a 40%. Isso demonstra a falta de informação da população, que vai sendo esclarecida ao longo dos anos. - As pessoas tem que ser mais seletivas na sua fonte de informação. Preferir publicações científicas, não folhetos ou internet, sugeriu. Durante seu painel, o chefe do Departamento de Plantas e Lavouras da UFRGS fez, ainda, outra revelação: a Europa deve liberar o plantio de transgênicos até o final do ano, pois os testes que estão sendo feitos em pequenas plantações, há anos, demonstraram que o consumo de transgênicos não trazem danos à saúde do ser humano. Há pelo menos 10 universidades européias e 10 nos EUA que estão estudando os organismos geneticamente modificados exaustivamente, sem encontrar problemas. Mesmo asssim, Federizzi até admite que os transgênicos possam causar alergia, mas atribui o aumento da incidência dessa moléstia a outros fatores como envelhecimento da população e aumento da poluição ambiental. Quanto à questão econômica, ele diz que, nos EUA, 40% do lucro fica com agricultores, 40% com multinacionais, e 20% com o resto da cadeia produtiva (vendedores, por exemplo). - Além disso, nós não precisamos dos produtos das multinacionais. Já temos condições de criar nossos próprios, pois temos conhecimento, gente e dinheiro para isso, ressaltou.

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