O pó que sai da britagem do basalto pode servir como adubo orgânico em hortas e lavouras, reduzindo custos de produção e produzindo alimentos saudáveis. Uma experiência conduzida pela Emater no Vale do Taquari está tentando convencer os pequenos agricultores a adotarem esta prática agroecológica.
A farinha de basalto recolhida em britadores da região está sendo utilizada há seis meses por 13 agricultores do município de Encantado, principalmente na produção de hortigranjeiros. O pó é aplicado misturado com esterco para adubação. De acordo com o agrônomo da Emater no município, Mateus Farias de Mello, a chamada biomineralização fornece uma variedade muito maior de nutrientes ao solo do que os adubos químicos convencionais.
"Primeiramente, o uso de farinha de rocha, que seria o insumo utilizado na biomineralização, traz uma série de nutrientes para as plantas. Para os agricultores entenderem melhor, é como se a gente estivesse colocando mais de 40 tipos de adubo. Sendo que o adubo convencional, o químico, vai fornecer quatro, cinco, no máximo seis elementos nutricionais para a planta, causando um desequilíbrio, porque a planta vai ficar com um excesso de alguns nutrientes e deficiência de outros. Enquanto que o pó de rocha, no caso específico do basalto, tem uma série de elementos, sendo que o silício se destaca", afirma.
Além da redução de custos, que na agricultura convencional seriam gastos na compra de adubos, o uso de farinha de rocha contribui para a produção de alimentos saudáveis, como explica Mateus de Mello. "Nosso trabalho básico é no solo, ou seja, melhorar a quantidade e a variedade de microorganismos no solo, fazendo com que a planta tenha vários nutrientes, vários compostos orgânicos. Conseqüentemente, vamos ter um alimento muito mais nutritivo e equilibrado para as plantas e os animais", explica.
No Vale do Taquari, a rocha mais utilizada para a biomineralização é o basalto, facilmente encontrado em britadores da região. O engenheiro agrônomo da Emater explica que, por utilizar um resíduo que normalmente era descartado pelas empresas, a biomineralização não causa impactos ao meio-ambiente.
"Primeiramente, a gente vai nos britadores, onde a gente consegue esse pó. No caso a brita zero, ou o pó de brita, na região onde o basalto é produzido. No município de Encantado, temos conseguido nos britadores. Por enquanto, ainda estão nos cedendo gratuitamente, porque é um resíduo. Isto é outro fator interessante: a gente não está causando um impacto maior, mas aproveitando um resíduo. Por enquanto, gratuitamente. Acredito que, quando a questão da biomineralização se expandir mais, isso vai ter custo. Mas, de qualquer maneira, ainda é, para o meio-ambiente, o aproveitamento de um resíduo", diz.
Nesta semana, a Emater, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a entidade Guayi realizam duas oficinas na região. No município de Encantado, a reunião ocorre às 13h, no Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação. Já em São José do Herval, a atividade será às 14h, na propriedade de Enir e João da Silva.
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Agência Chasque, 29/01/2007)