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contaminação com agrotóxicos
2007-01-30
O agrotóxico Randoup, um agente cancerígeno e que produz alterações genéticas, entre muitos outros problemas à saúde e ao ambiente, foi aplicado de avião sobre moradores e a menos de quatro quilômetros da Reserva Biológica de Sooretana, em Linhares. A aplicação foi na véspera de feriado, e realizada logo depois do nascer do sol, para fugir da fiscalização ambiental.

A denúncia é da Associação dos Pequenos Produtores do Córrego Farias, em Linhares. O avião agrícola, de cor amarela, é baseado em Linhares, e é utilizado para atender a toda a região.

Segundo relato de moradores, o randoup foi aplicado sobre aproximadamente três quilômetros de pastagens de propriedades das famílias Irmãos Sagrillo e de Valmir Bitti.

O agrotóxico Roundup WG, popularmente chamado randap, é um glifosato produzido pela Monsanto, empresa com tradição na produção de venenos agrícolas que contaminam o ambiente e matam as pessoas em todo o mundo.

No caso da aplicação na região do Córrego do Farias, a área pulverizada é considerada pequena para aplicação aérea. Nas manobras aéreas, o veneno foi despejado sobre pessoas na região, sobre suas casas e sobre os córregos.

"Usam avião, pois o processo fica mais barato. Mas considerando a pequena área de manobras, moradores tomaram chuveirada de veneno. Estas aplicações já foram feitas aqui em uma plantação de banana. Agora foi feita sobre pastagens, que agora estão secando", relata um morador que pediu o anonimato.

Ele assinala que a destruição na região foi feita na véspera de um feriado, e realizada assim que o sol nasceu. É a forma que o dono do avião e os proprietários rurais encontram para fugir da ação da fiscalização.

Na região há proibição para uso dos venenos agrícolas, considerando os danos ambientais que as aplicações podem produzir na flora e fauna da Reserva Biológica de Sooretama e da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que são juntas.

Uma das empresas que produzem cana na região, a Lasa, já aplicou venenos por avião. Segundo o morador não aplica mais o veneno por via aérea pois foi proibida.

Os efeitos negativos do Glifosato
O glifosato vendido pela Monsanto o nome de Randoup é um agrotóxico que mata tudo (é de amplo espectro). É intensamente usado na soja transgênica. Também é aplicado para matar plantas consideradas daninhas no meio dos plantios de café, entre outras culturas, e nos eucaliptais. Quando lançado no mercado, a propaganda dizia que o produto era inócuo e biodegradável.

Informações científicas recentes mostram que na verdade o randoup persiste no solo, na água e nos alimentos. No processo de degradação, o glifosato libera um de seus componentes, o AMPA, que é mais nocivo que o próprio glifosato. Foi encontrado em peixe 90 dias após a aplicação do agrotóxico.

Produz irritação nos olhos e pele, dor de cabeça, náuseas, entorpecimento, elevação da pressão arterial, palpitações e alergias agudas e crônicas.

Produz abortos e nascimentos prematuros nas famílias rurais. Reduz a produção de espermatozóides e produz com maior freqüência de espermatozóides anormais, além de redução do peso fetal.

Produz câncer de fígado, tiróide e pâncreas. Produz ainda um tipo de leucemia, o câncer de No-Hodking.

Produz lesões em glândulas salivares, inflamações nas mucosas do estômago, danos genéticos (em células sanguíneas do corpo humano). Estudo da Unicamp demostrou que 61% das intoxicações com agrotóxico no Brasil, entre 1996 e 2000, são devido a manipulações com glifosato. O agrotóxico produz outros danos à saúde e ao ambiente.

A indústria dos agrotóxicos fatura no Brasil cerca de R$ 10 bilhões (US$ 4,5 bilhões). Ganha com venenos que intoxicam 500 mil brasileiros por ano, dos quais 10 mil morrem e chama seus venenos de "defensivos agrícolas".

Dos intoxicados por venenos agrícolas, cerca de 10% ficam definitivamente incapacitados para o trabalho, o que totaliza uma perda de 50 mil trabalhadores/ano no país. O Espírito Santo é o terceiro estado do país no consumo por pessoa dos venenos.

No Espírito Santo, os venenos agrícolas contaminam e matam produtores e consumidores, embora os números desta contaminação não sejam conhecidos.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 29/01/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/janeiro/29/noticiario/meio_ambiente/29_01_08.asp

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