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2007-01-30
Após meses de negociação sobre o futuro da extração subvencionada de carvão mineral na Alemanha, o governo federal e os dois principais Estados produtores – Renânia do Norte-Vestfália e Sarre – parecem ter chegado no domingo (28/01) a um acordo que pode significar o fim de uma era. Se, conforme almejado, as oito minas de carvão restantes forem realmente desativadas em 2018, seria o fim de um capítulo de cem anos de mineração na Alemanha. Até mesmo o Partido Social Democrata (SPD), que até então insistia na manutenção de pelo menos duas ou três minas em atividade, mostra-se disposto a aceitar o acordo.

"Poderíamos chegar a um acordo se garantirmos uma transição socialmente viável até 2018, sem que haja demissões em massa", disse o vice-chanceler federal e ex-presidente do SPD, Franz Müntefering. Sem, no entanto, excluir a possibilidade de manter aberta uma última porta: "Não é preciso decidir agora se extrairemos carvão após 2018, podemos tomar uma decisão final em 2012". A sugestão foi recebida com compreensão até mesmo pelos democratas-cristãos, que a princípio preferiam desativar as minas já em 2012 ou 2014. Os motivos, no entanto, são outros: "Caso haja uma crise de energia imprevista, poderemos certamente reativar a extração em um determinado momento", disse o ministro alemão da Economia, Michael Glos.

Vale do Ruhr pesa na decisão
O Estado da Renânia do Norte-Vestfália, de maior tradição mineradora, desempenha um papel-chave na decisão. As minas são operadas pela empresa Deutsche Steinkohle, subsidiária do consórcio energético RAG, com sede em Essen. O RAG planeja livrar-se da extração de carvão para então abrir o capital de suas bem-sucedidas unidades química, energética e imobiliária – estratégia que é apoiada pelo governo do Estado: "Queremos garantir o emprego de centenas de milhares de trabalhadores do RAG, e para isso é preciso abrir o capital. Mas só é possível ir à bolsa se determinarmos o fim da extração subvencionada de carvão", disse o governador do Estado, Jürgen Rüttgers.

Atualmente, o RAG é responsável por cobrir quaisquer buracos no financiamento. E, por mais que o governo alemão invista a cada ano 2,5 bilhões de euros em subsídios, o RAG ainda precisa investir outros 150 milhões de euros por ano. No ano passado, faltaram, ainda assim, 163 milhões de euros. Uma vez aberto o capital, a unidade mineradora do RAG seria transformada em uma fundação e a responsabilidade financeira recairia ainda mais sobre o governo, que quer impedir não apenas isso, mas também o corte de milhares de empregos – o que aconteceria caso as operações fossem interrompidas antes de 2018.

Uma região em metamorfose
Das 183 minas de carvão já existentes na Alemanha, oito ainda estão em operação e garantem o sustento de 34 mil trabalhadores. No final da década de 50, mais de 600 mil pessoas viviam da mineração. O Vale do Ruhr era considerado o coração do milagre econômico alemão e a mineração, o motor da economia. Na "era do ouro negro", as cidades e os barões do carvão brigavam pelos trabalhadores e até os trilhos do bonde eram construídos com larguras variadas para dificultar o acesso entre cidades vizinhas, evitando que habitantes de uma cidade passassem à concorrência por uns trocados a mais.

Hoje, a região passa por uma metamorfose estrutural. Em vez de carvão e aço, predominam profissionais ligados à prestação de serviços. O carvão alemão, em especial o mineral, é incapaz de concorrer no mercado internacional. Pois, enquanto em outros lugares ele pode ser extraído pouco abaixo da superfície, na Alemanha ele não raramente se encontra abaixo da marca de mil metros, encarecendo sua extração. Hoje, uma tonelada custa o triplo do preço do mercado mundial.

Sindicato critica
Após décadas de subvenções bilionárias pagas pelo governo para torná-la viável, a extração de carvão já tinha seu fim dado como certo. No entanto, o aumento recente do preço internacional devido à demanda da China e da Índia deu novo fôlego ao debate. O sindicato alemão dos mineradores (IGBCE) quer manter ativa a extração em duas ou três minas, salientando entre outras coisas seu papel para assegurar o abastecimento energético do país. Lobistas e sindicato pleiteiam que o carvão deva manter uma participação de 10% a 12% no fornecimento energético nacional.

Além disso, o fim da era do carvão poderia também pôr em risco a indústria alemã de tecnologias de mineração, que hoje ocupa a liderança mundial e está entre os principais produtos de exportação do país. Sem as minas, produtos tecnológicos – entre outros, na área de segurança – com alta demanda na China não mais poderiam ser vistos em operação. No entanto, não parece haver maioria política para tal garantia. O Partido Verde e os liberais querem o fim das subvenções a curto prazo, democratas-cristãos e social-democratas também tendem à suspensão e até mesmo os mineradores estão mais preocupados em encontrar novas perspectivas do que em lutar pela antiga ocupação.
(Deutsche Welle, 29/01/2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,2330501,00.html?maca=bra-uol-all-1387-xml-uol

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