Mesmo sendo uma proteção natural e necessária contra o avanço do mar, uma duna está tirando a tranqüilidade de moradores e veranistas das ruas Âncoras e das Enseadas, em Atlântida Sul. É possível que a falta de manejo adequado, o vento e o uso desordenado da faixa de praia tenham colaborado para a migração do cômoro. 'Não tenho paz. A areia está avançando na direção da minha casa', lamenta o aposentado Ubirajara Pereira, 78, que fixou residência no balneário há três anos. Segundo ele, a duna começou a se formar no ano passado, após 16 dias ininterruptos de vento forte. 'Quando comprei a casa não havia esta montanha de areia tão perto', comentou. A esposa de Ubirajara, a também aposentada Clery Pereira, 77, afirmou que ela e o marido não têm descanso. 'Não podemos manter as portas e as janelas abertas devido ao acúmulo de areia', relata. Ubirajara varre o pátio e a garagem praticamente de hora em hora para remover a areia que se acumula. O casal não descarta a possibilidade de recorrer ao Ministério Público.

Outra que se sente incomodada é a professora Edna Escouto, moradora de Encruzilhada do Sul. 'A areia toma conta de tudo, incluindo o carro, os móveis e as roupas', atesta. O gerente regional da Fepam, Mattos'Alem Roxo, justifica: 'Só posso intervir se a areia oferecer risco aos imóveis, o que ainda não ocorreu'. Segundo ele, o plano de manejo de dunas deve ser solicitado pela prefeitura. Para comprovar que os cômoros estão comprometendo um imóvel é necessário requerer um laudo da Defesa Civil Municipal.
(Correio do Povo, 27/01/2007)
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