Construção de prédios divide opiniões em Imbé
2007-01-29
A construção de prédios de até oito andares em Imbé, autorizada pelo Plano Diretor aprovado pela Câmara dos Vereadores neste mês, divide opiniões antes de sair do papel. De um lado, moradores que se acostumaram ao balneário formado apenas por casas e não querem perder iluminação e ventilação. De outro, empreendedores que apostam na mudança para estimular a economia do município.
A construção de prédios ainda depende da instalação de um sistema de tratamento de esgoto cloacal no município. Mas a controvérsia está aberta.
- Este é o caminho. Mais do que valorização dos imóveis, haverá geração de emprego na construção civil e no turismo - avalia o corretor de imóveis Deive Medeiros.
Segundo ele, a cidade fica deserta no inverno devido à insegurança. Com a construção de edifícios, o problema seria amenizado.
- A nova geração já não tem restrições aos prédios altos - completa Medeiros.
Os moradores, principalmente os antigos, tentam reverter o quadro. Presidente da Associação Comunitária do Imbé - Braço Morto e do Fórum dos Veranistas, Arno Eugênio Carrard diz que o plano foi aprovado contra a vontade da comunidade, por pressão de construtoras.
- O litoral não é parque industrial. As pessoas vêm para cá para descansar - sustenta Carrard.
O prefeito Jadir Fofonka sancionou o projeto há duas semanas. Os edifícios de oito andares só poderão ocupar as avenidas Paraguassu e Rio Grande (nas imediações do Rio Tramandaí).
Na Avenida Osório, o limite será de quatro andares. Não haverá restrição para a construção de edifícios de dois pavimentos.
- Manteremos a característica horizontal. Além disso, nada será feito se não tivermos saneamento básico - contemporiza Fofonka.
A explicação desagrada a Carrard:
- Não vai fazer diferença se as quadras mais próximas da beira-mar tiverem casas. Com o adensamento populacional, não haverá condições de tratar o esgoto dos prédios. Isso é uma ficção - afirma o líder comunitário.
A novidade tampouco animou a moradora Maria Teresa Sivelli, 48 anos. Ela acredita que as construções mudarão a estética da cidade.
- Não combina. Eles deveriam resolver outras coisas, como os alagamentos e os buracos nas avenidas - sintetiza Maria.
(Zero Hora, 27/1/2007)
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