Ibama embarga empresa que causou desastre no Mato Grosso
2007-01-26
O Ibama embargou ontem (25/1), a empresa Sulina Comércio de Óleos, em função do vazamento de óleo vegetal no córrego Queixada, em Rondonópolis (220 quilômetros de Cuiabá) que ocasionou grande mortandade de peixes, principalmente alevinos, e danos ao solo e vegetação. A empresa ainda será multada pelo órgão por operar sem licenciamento ambiental e sem registro técnico federal e por causar poluição. Os valores das multas não foram definidos, mas podem chegar a R$ 100 milhões.
O vazamento de óleo das lagoas de decantação da empresa aconteceu, segundo o Ibama, no último domingo, mas o órgão somente chegou ao local na terça-feira, depois de receber denúncia de um fazendeiro dono de uma propriedade rural a três quilômetros do local do vazamento. O fazendeiro observou muitos peixes mortos e uma coloração escura na água.
Para dimensionar o tamanho do estrago provocado pelo crime ambiental, a equipe de emergências ambientais do Ibama de Cuiabá foi enviada ao local. Dois analistas ambientais - o biólogo, Cendi Ribas Berni e o geólogo, João Carlos Ribeiro Reis - permaneceram em Rondonópolis durante todo o dia de ontem recolhendo amostras de água e do solo para enviar para análises, que serão realizadas em laboratórios da Capital.
Segundo o analista ambiental Cendi Ribas Berni, a empresa Sulina ficará sob embargo até que obtenha a licença ambiental para operar e o registro técnico federal, que é necessário para toda empresa potencialmente poluidora.
Conforme Berni, o vazamento de óleo já foi contido, mas o córrego está recebendo demanda química. “Inicialmente, foi solicitado que a empresa realize as contenções necessárias para minimizar os riscos”, reforçou.
Além de embargada, a Sulina será multada por atuar sem licença ambiental, o que foi confirmado pelo Ibama e pelos danos causados ao meio ambiente. De acordo com o analista ambiental, a multa por causar poluição somente será definida depois de concluída as análises dos danos ambientais.
Entretanto, Berni adiantou que a aplicação da multa levará em conta os agravantes, como a operação da empresa sem licença e o fato de não ter comunicado os órgãos ambientais sobre a ocorrência de um vazamento e de danos.
A coleta de materiais para análise feita pelo Ibama foi acompanhada por dois representantes da empresa Sulina, que foram procurados pelo Diário na sede da empresa, localizada no local do acidente ambiental. No entanto, a reportagem foi impedida de entrar no local.
Conforme o chefe do escritório do Ibama em Rondonópolis, Ivan Paulo Pereira, o local onde ocorreu o vazamento é considerado uma “lagoa berçário”, para onde os peixes sobem para desovar.
(Por Danielly Tonin, Diário de Cuiabá, 26/01/2007)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=277023