Poluição industrial é causa da mortandade de peixes em Pelotas
2007-01-26
Segundo o primeiro resultado das análises físico-químicas feitas pelo Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) com a água do arroio Fragata/Moreira, onde 12 toneladas de peixes mortos foram localizadas no início da semana, mostra que há certo nível de poluição na amostra do ponto de coleta - abaixo da ponte da BR-116. A salinidade, primeira hipótese apontada pelos órgãos ambientais como causa do desastre ecológico, apresenta números considerados normais. A avaliação, ainda em instância inicial, não define por completo as razões do problema.
Segundo dados do Departamento de Tratamento do Sanep, o índice mais preocupante é o do oxigênio dissolvido. Enquanto o valor normal deve ficar acima de 5,0 mg/L, a área pesquisada estava com 3,50 mg/L. Isto significa que a água não apresentava condições para que os peixes pudessem sobreviver.
Outra informação do laudo desmistifica a principal hipótese apontada até agora. Se depender do ponto pesquisado pelo Sanep, não foi a salinidade a responsável pela morte das espécies. “Os cloretos (33,01 mg/L) estão quase normais. O que vimos foi que houve um certo grau de poluição na água. Porém, não dá para dizer que todo o arroio está com estes índices e que esta foi a causa do acidente. É preciso aguardar o resultado da análise biológica para entender melhor o que aconteceu”, disse o diretor-presidente da autarquia, Hélio da Costa Silva, procurando manter cautela.
O laudo com a análise biológica do Sanep deve sair na próxima semana. Este também é o prazo previsto pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para a divulgação dos dados obtidos no ensaio que, além da água, vai examinar alguns exemplares dos peixes mortos.
Águas normais para a população
Conforme Silva, Pelotas pode ficar tranqüila quanto à qualidade da água que consome. A equipe do Sanep fez ensaios com amostras do seu ponto de coleta e testificou que os índices estão bons. “Não há nenhuma anomalia nem processo de impacto naquela área. Nosso intuito era fazer este teste e confirmar que lá não estava poluído”, explicou ele.
Ontem à tarde, em reunião com o diretor do Sanep, o capitão da 3ª Companhia Ambiental, Márcio André Faccin, solicitou o apoio da autarquia para as futuras ações de patrulhamento da Brigada Militar. Faccin pediu a disponibilização dos dados sobre a medição da água nos últimos dias para acompanhar de forma gradativa as condições do arroio.
Reunião define retirada dos peixes
Representantes da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), Secretaria de Serviços Urbanos (SSU), 3ª Companhia Ambiental, Fepam e Prefeitura de Capão do Leão debateram, ontem à tarde, alternativas para a limpeza do arroio Fragata/Moreira. Conforme o titular da SQA, Leonardo Cardoso, a retirada dos peixes deve começar assim que estiverem definidos o número de pessoas e o maquinário necessário para o mutirão. Previamente, os órgãos avaliaram que dois barcos, uma retroescavadeira, uma caçamba e uma pá carregadeira são os equipamentos suficientes para executar o trabalho. Todavia, o tempo de ação só poderá ser definido após o início da operação.
Hoje, às 9h30min, dois técnicos da Fepam, de Porto Alegre, que trabalharam na limpeza do Rio dos Sinos, estarão em Pelotas para auxiliar na organização da operação. Na ocasião também será estudada a possibilidade de transportar as espécies mortas para o aterro sanitário do Sanep. “Contaremos com a experiência deles no assunto para fazer uma vistoria aprofundada e organizar os métodos da retirada”, explicou Cardoso. Se tudo correr conforme o esperado, na tarde de hoje já serão deslocadas equipes para iniciar as atividades de limpeza no local.
(Diario Popular, 26/1/2007)
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