Dentro do Fórum Social Mundial (FSM), que se encerrou nesta quinta-feira (25/01), a Via Campesina lançou, no capítulo africano, a Campanha Global pela Reforma Agrária. Esta campanha vem acontecendo na América Latina desde 1996 e os bons frutos da mesma estão começando a ser colhidos em terreno africano. Um de seus objetivos é a luta contra a fome.
"Estamos convencidos de que estamos dando passos adiante na América Latina e de que a África pode seguir o mesmo exemplo. Devemos progredir neste continente, o mais pobre do planeta. Uma das frente nas quais é preciso trabalhar para combater esta miséria é na recuperação dos recursos naturais (água, terra, sementes, minas etc) em nome do povo. Somente na África do Sul, existem 15 milhões de pessoas sem terra", afirmou Rafael Alegría, coordenador internacional da campanha.
Para Alegría, o conceito de reforma agrária passa necessariamente pelo de soberania alimentar pata todos e não para indígenas e camponeses. "Por este motivo, temos feito o possível para estabelecer alianças e convênios com outras organizações e movimento sociais para assim ir edificando um extenso e poderoso movimento popular na América Latina, África, Ásia. Depois da África, o objetivo é levantar a campanha para a Ásia", disse.
Durante o lançamento, Diamentino Nhampossa, de Moçambique, representante da União Nacional de Camponeses (Unac) e coordenador da Via Campesina na África, fez referência à crueldade da colonização e às lutas a favor da liberdade dos africanos: "Há 500 anos o colonialismo tomou nossas terras. Desde a década de 80, nossas terras estão sendo tomadas pelo Banco Mundial. Na atualidade, o que nos resta é nos mobilizar e organizar campanhas como esta, para motivar o povo a lutar por seus direitos".
No encerramento do ato, um grupo de camponeses e camponesas da África recebeu semente autóctones de milho maia dos representantes Zapatistas, do México.
(Por Suzane Durae, da Via Campesina,
Adital, 25/01/2007)