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2007-01-25
A preocupação das grandes corporações mundiais com as mudanças climáticas abre uma oportunidade para a produção brasileira de etanol, avalia o professor Mário Ferreira Presser, coordenador do Curso de Diplomacia Econômica da Unicamp. Os efeitos nocivos da emissão de gases que geram o efeito estufa será um dos principais temas do Fórum Econômico Mundial, que começou ontem (24/1) em Davos, nos Alpes suíços.

“A questão das energias renováveis e de todas as formas que venham a reduzir a emissão de gases de efeito estufa tornou-se um assunto muito importante na agenda empresarial”, avalia Presser. “Nos Estados Unidos e mesmo em outros países, a utilização do etanol acrescentado à gasolina normal tornou-se uma assunto obrigatório e todos sabem que o Brasil é o país mais competitivo na produção de etanol”, destaca.

Hoje, americanos e europeus, principalmente, resistem à importação do etanol brasileiro – é um setor que os países avançados julgam sensível, não sujeito à liberalização comercial. Insistem em subsidiar a cara produção local e a impor barreiras tarifárias sobre a entrada de etanol estrangeiro. Esse cenário pode mudar a partir dos debates de Davos.

“Essa preocupação renovada com as mudanças climáticas leva água ao moinho das barreiras que travam o comércio internacional de etanol”, acredita Mário Presser. “Eles dificilmente vão conseguir produzir o etanol necessário no curto prazo, então, mesmo rangendo os dentes e com restrições, tudo indica que vai haver uma abertura de mercado importante para o etanol brasileiro”, acredita.

Um fator que pode acelerar as negociações é a possibilidade de transferência de tecnologia brasileira de produção de etanol para países africanos. “Isso tem vários atrativos: contempla os africanos,os europeus, o Brasil. Resolve a questão do clima, da pobreza e da liberação do mercado de açúcar e álcool. “A estratégia dos empresários brasileiros é mostrar que não se tornarão os grandes produtores de etanol sozinhos, que muitos outros países em desenvolvimento podem se beneficiar desta abertura de mercado”, analisa.

“Há entusiasmo com isso inclusive no Banco Mundial. Uma vez que ninguém sabe bem o que fazer com a África, inserir a África como produtor de um produto com demanda certa seria um tremendo avanço e seria um grande gol para o Brasil”, acredita Mário Presser.
(Por Mylena Fiori, Agência Brasil, 24/01/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/01/23/materia.2007-01-23.5282430886/view

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