Pesca do camarão vira polêmica na Região Sul
2007-01-24
Impedidos de capturar camarão até o dia 31, pescadores do sul do Estado pedem a revisão da instrução normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que regulamenta a prática, antes da próxima safra.
Segundo eles, a data para o fim do período de defeso não pode ser fixa. Entre biólogos e pescadores, dois argumentos adiam o consenso. Os primeiros se apóiam no ciclo de vida do crustáceo para a manutenção da proibição. Os pescadores defendem a liberação da pesca conforme o tamanho do camarão.
- O camarão já passou dos nove centímetros, mas ainda estamos no defeso - afirma Nilmar Conceição, presidente do Sindicato da Colônia de Pescadores Z-3, de Pelotas.
Entre outubro e novembro, um movimento natural leva a água do mar até a Lagoa dos Patos. Com a água salgada entram as larvas do crustáceo, que se desenvolvem no local e retornam ao oceano assim que atingem a fase adulta, com aproximadamente nove centímetros, para a reprodução em alto-mar.
Com base nesse fenômeno, o Ibama permite a pesca do camarão no estuário da Lagoa dos Patos entre 1° de fevereiro e 31 de maio. Mas os pescadores afirmam que em 2006 a água salgada antecipou a chegada para setembro, alterando o desenvolvimento do crustáceo, que já estaria no tamanho ideal.
- O tamanho dele não importa para a conservação da espécie. O período de defeso tem uma data fixa para garantir que o camarão consiga sair da Lagoa dos Patos para se reproduzir no mar - diz Sandro Klippel, chefe do Ibama de Rio Grande.
Muitos se arriscam e pescam antes da liberação. Segundo o capitão Márcio André Facim, comandante da Companhia Ambiental de Pelotas, desde o dia 1° foram detidos 33 pescadores na região.
(Zero Hora, 24/1/2007)
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