Associação quer projeto de Angra 3 incluído no Programa de Aceleração do Crescimento
2007-01-24
A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) confia na inclusão do projeto de construção da usina de Angra 3 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado na segunda-feira (22/1) pelo governo federal. A afirmação é do diretor da entidade, Edson Kuramoto, que acrescentou: “A gente notou que o PAC não é excludente”.
Kuramoto destacou a declaração da ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, de que os projetos estratégicos para o país seriam mantidos. Ele lembrou que a análise do empreendimento está na agenda da próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética, prevista para o dia 30, em Brasília. E consta do plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), adotado pelo Ministério de Minas e Energia para o planejamento do setor até 2015.
A energia nuclear participa com 3% da matriz energética brasileira, em termos de geração de energia. A entrada em operação de Angra 3, segundo Kuramoto, permitirá elevar esse percental para 5% no final de 2012, "se a construção for iniciada em 2007, o mais tardar em junho". A obra, acrescentou, já está atrasada em relação ao plano decenal.
No plano da EPE constam mais 4 mil megawatts (MW) de energia gerada por usinas nucleares, que entrariam em operação até 2030, aí incluída Angra 3. O ex-diretor da Aben ressaltou que as novas usinas hidrelétricas, devido à restrição da legislação ambiental, têm pouca capacidade de reserva de água. "Hoje o sistema necessita da complementação térmica", disse.
Kuramoto lembrou que o país tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, com apenas 25% do território nacional prospectados, e a perspectiva é de atingir a segunda posição. "A reserva contabilizada de urânio atinge hoje 309 mil toneladas e pode chegar a cerca de 800 mil toneladas, com a prospecção de todo o território. Isso daria para gerar energia por mais 500 anos", garantiu.
E ainda destacou que o Brasil já a tecnologia do ciclo do combustível nuclear. "Então, não tem como abrir mão: se não tiver usinas nucleares, o país terá que importar uma quantidade de gás muito grande para suprir as usinas térmicas e, com certeza, isso impactará no valor da tarifa”, alertou.
A retomada do projeto de Angra 3 demandará investimentos de R$ 7 bilhões, que se somarão aos U$ 700 milhões já aplicados na compra de equipamentos. "A cada ano que se adia a obra, a Eletronuclear despende em torno de U$ 20 milhões para manter esses equipamentos em perfeito estado, além da manutenção dos contratos. Essa indecisão acaba impactando no valor futuro da usina. Isso é dinheiro jogado fora”, observou.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 23/01/2007)
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