O plantio de vegetação nativa da mata atlântica previsto para este mês em áreas do corredor regional Burarama-Pacotuba-Cafundó, no sul do Espírito Santo, foram adiados. No dia 13 de fevereiro, a comunidade decide a nova data para execução do trabalho, informou a engenheira florestal Érica Munaro, do Projeto Corredor Central (Ecológico) da Mata Atlântica.

"O plantio será realizado depois do carnaval. Vamos plantar 250 palmeiras Jussara para enriquecimento de uma área de dois hectares. Os palmitos serão cortados para geração de renda em cinco anos", explicou Érica Munaro. Na programação anterior foram selecionadas duas áreas para plantios, mas o programa foi redimensionado.

O projeto corredor ecológico está estimulando os plantios e a implantadas unidades demonstrativas de Sistemas Agroflorestais. O sistema intercala árvores nativas e frutíferas, com culturas já existentes, como o café, o milho e a abóbora. Além de permitir a agregação de valor à produção, pela diversificação, os plantios têm como objetivo compor a reserva legal das pequenas propriedades, recuperando o solo degradado e aumentando a cobertura florestal no entorno da Floresta Nacional de Pacotuba.

Na área do corredor regional Burarama-Pacotuba-Cafundó foram realizados os primeiros plantios do projeto no Estado. Contou com parceria do Ibama, comunidade de Monte Alegre, Projeto Corredores Ecológicos e o Instituto Ambiental Cafundó. As mudas foram disponibilizadas pela Pastoral Ecológica de Cachoeiro do Itapemirim.

Nos plantios foram usadas espécies da mata atlântica e frutíferas como abacate amora, araçá, aroeira, cajá, copaíba, goiaba vermelha, imbirema, ipê amarelo, ipê branco, jenipapo, mamão, mexerica, paineira, pinha, saboneteiro, tamarindo, acerola, anda-assu, aroeira, salsa, bicuíba, camboatá, falso pau-brasil, graviola, jatobá, louro, mamão do mato, nêspera (ameixa amarela), palmeira jerivá, pitanga, sete cascas e urucum.

O Projeto Corredor Burarama-Pacotuba-Cafundó incluiu as nascentes do distrito de Burarama, e duas unidades de conservação, sendo uma federal, a Floresta Nacional de Pacotuba e uma privada, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cafundó. O Corredor possui tanto atributos biológicos quanto histórico-culturais, abrigando a comunidade quilombola de Monte Alegre e a colônia de descendentes italianos de Burarama.

O Corredor Central (Ecológico) da Mata Atlântica abrange todo o estado do Espírito Santo e 85 municípios do sul da Bahia.

Pouco resta da mata atlântica no ES
No Espírito Santo restam apenas 7% da mata atlântica original. O Estado perdeu 1,19% de sua vegetação nativa entre 1995 a 2000 e o pouco que resta vem sendo intensamente degradado.

No ano passado por sobrevôos foram constatados 944 pontos de degradação na vegetação nativa no Espírito Santo. Na prática, estes pontos se desdobraram em 1069 pontos de degradação, depois de feitas as análises terrestres. De 2004 para 2005, os pontos de degradação praticamente dobraram.

No final de dezembro 2006 e já como parte da programação 2007 do Plano Integrado de Fiscalização e Monitoramento a operação de fiscalização aérea permitiu a visualização de 250 pontos de degradação na mata atlântica no Espírito Santo.

Os principais tipos de agressão são: brocagem da mata - supressão de vegetação em pequena escala, geralmente seguido do plantio de capim; corte seletivo - supressão de alguns exemplares de vegetação, selecionando as espécies; carvoaria - fornos ou madeira queimada a fim de ser transformada em carvão vegetal; desmatamento - supressão de vegetação em larga escala; mineração - extração de rochas, areia e outros tipos de recursos naturais; queimada - fogo ou indícios dele em uma determinada área; outros - consideram-se estradas no meio da mata, limpeza de área, entre outras ocorrências.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 23/01/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/janeiro/23/noticiario/meio_ambiente/23_01_06.asp