Pela primeira vez, o maior fundo mundial para projectos ambientais vai investir numa fonte de energia não renovável, o carvão. O GEF (Global Environment Facility) considera a aplicação de mais de 45 milhões de dólares em centrais na Índia como uma nova abordagem pragmática às necessidades energéticas do mundo em desenvolvimento.

O GEF, gerido pelo Banco Mundial e pelas Nações Unidas, anunciou que vai investir 45,5 milhões de dólares (35,1 milhões de euros) para tornar algumas centrais a carvão indianas mais eficientes e menos poluidoras. Em cima da mesa está um projecto semelhante para a China.

Monique Barbut, directora-executiva do GEF, reconheceu que foi muito debatida a decisão de financiar projectos centrados no carvão, parecendo afastar-se do objectivo de livrar o mundo dos combustíveis fósseis. Mas no final, disse, ganhou a abordagem pragmática. “Não podemos cobrir o planeta com turbinas eólicas”, disse aos jornalistas numa conferência de imprensa em Nova Deli.

“Continuamos a achar que as energias renováveis são o melhor... mas ao mesmo tempo, a Índia não se vai desenvolver sem o carvão, nos próximos 20 anos. Temos de lidar com isso”. Segundo Monique Barbut, modernizar as centrais a carvão da Índia é a forma mais directa para aquele país reduzir as suas emissões de dióxido de carbono.

A Índia queima mais carvão do que qualquer outro país em desenvolvimento e depende dele em 60 por cento. Mesmo assim, não chega para satisfazer todas as necessidades. Quarenta e quatro por cento dos lares indianos não têm electricidade, segundo dados de 2001. A Índia, uma das economias com crescimento económico mais rápido, quer ter todas as casas ligadas à rede eléctrica até 2012.

Além do financiamento do GEF, a renovação das centrais a carvão vai receber 300 milhões de dólares (231 milhões de euros) do Banco Mundial e de bancos comerciais indianos. No total, este financiamento deverá cobrir os custos de renovação de um por cento da capacidade indiana de produção de energia a partir do carvão.
(Reuters, 23/01/2007)
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