Bush pedirá que EUA cortem consumo de gasolina em 20%
2007-01-24
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pedirá, em seu discurso sobre o estado da União, que os americanos cortem seu consumo de gasolina em 20% até 2017, informa a Associated Press. O discurso, uma tradição histórica nos EUA, é pronunciado pelo presidente todo começo de ano, e nele o chefe do Executivo apresenta seus planos e propostas. O presidente prevê que a meta seja atingida, primordialmente, por meio de uma elevação drástica no uso de etanol e outros combustíveis alternativos, cuja produção será determinada pelo governo federal. O restante da redução será obtido com um aumento nas exigências de economia para os carros de passeio, afirmou o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Joel Kaplan.
O presidente propõe fixar a quantidade de etanol e combustíveis alternativos que deverá entrar no mercado americano em 132,5 bilhões de litros até 2017, a partir de 28,4 bilhões em 2012. Segundo Kaplan, além do álcool etanol, Bush pretende incluir nessa base alternativas como biodiesel, metanol, butanol e hidrogênio. A outra parte da proposta envolve algo que o presidente já tentou, sem sucesso, obter do Congresso: o poder de redefinir as regras de desempenho para as futuras frotas de automóveis. A Casa Branca diz que esse seria um meio seguro de melhorar a quilometragem por litro, mas alguns críticos temem que a medida estimule os fabricantes a produzir carros ainda menos econômicos.
O discurso de Bush será proferido em sessão conjunta do Congresso, às 21h, hora local (0h de quarta-feira, horário de Brasília). O presidente americano vem sendo criticado há tempos por se recusar a impor cortes obrigatórios nas emissões de poluentes por empresas - os EUA são o país que mais contribui com a emissão de gases causadores do efeito estufa, e foi durante o primeiro mandato de Bush que o governo americano rejeitou o Protocolo de Kyoto, um acordo internacional que prevê reduções compulsórias por parte dos países industrializados.
A pressão sobre o presidente aumenta com a tomada do controle do Congresso pelo Partido Democrata, que pretende fazer da questão ambiental uma de suas principais bandeiras, e com a divulgação, prevista para a próxima semana, de um relatório internacional de cientistas que apresentará evidências de que a atividade humana é responsável pela mudança climática global, que poderá ter conseqüências trágicas ainda neste século. No início desta semana, uma coalizão de executivos de grandes corporações americanas pediu que Bush passe a apoiar reduções obrigatórias nos tipos de poluição que contribuem para a mudança climática.
(Por Carlos Orsi, com agências internacionais, 23/01/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/jan/23/208.htm