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2007-01-24
Alguns acreditam que foi uma mensagem exagerada, outros dizem quer serviu para prevenir problemas futuros. Díspares assim, foram as reações, na Argentina, em torno de um informe que alerta sobre o impacto da pesca de anchoítas no ecossistema marinho da Patagônia. Em um artigo publicado no dia 5 de janeiro, na revista Science, cientistas da argentina Fundação Patagônia Natural e da norte-americana Universidade de Washington alertaram que a pesca de anchoítas (Engraulis anchoita) no Atlântico Sul ameaça espécies endêmicas da região que sustentam o ecoturismo.

Dezenas de milhares de visitantes da Argentina e do exterior chegam anualmente ao litoral das províncias patagônias de Chubut e Santa Cruz, atraídos pela possibilidade de avistar baleias, percorrer reservas de pingüins, lobos-marinhos e elefantes-marinhos, além de apreciar albatrozes, cormorões ou gaivotas. O artigo adverte que esse paraíso pode sofrer alteração se continuar a pesca da anchoíta, que representa 50% da dieta do pingüim de Magalhães (Spheniscus magellanicus) e é também alimento de merluzas, cormorões, andorinhas, golfinhos, leões-marinhos e outras dezenas de espécies da região.

O alerta “propõe uma perspectiva integrada do uso do mar, que contemple a interação entre todas as espécies”, disse ao Terramérica o biólogo Cláudio Campagna, pesquisador do Centro Nacional Patagônio e especialista em mamíferos marinhos. Campagna considera que “mundialmente, a pesca raramente é sustentável, e seu impacto sobre outras atividades e interesses que dependem dos mesmos recursos não são considerados na hora de estimar os seus benefícios. O desejável seria modelar cientificamente o funcionamento do sistema, a fim de poder entender que efeito teria a extração de espécies críticas em processos que envolvam a fauna endêmica da costa patagônia”, afirmou o especialista.

Por sua vez, Ernesto Godelman, presidente do não-governamental Centro para a Defesa da Pesca Nacional (Cedepesca), discorda de tanta precaução. “Está certo gerar consciência sobre o cuidado do meio ambiente marinho, mas aqui há algo de superatuação preventiva. A informação disponível não coincide com o publicado na Science e muito menos com as repercussões posteriores”, afirmou ao Terramérica. No momento, “não se vê indícios de que a exploração atual ou planejada de anchoíita patagônia coloque em perigo a sustentabilidade em sentido amplo, isto é, incluindo interações tróficas”, ressaltou.

Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Pesqueiro (Inidep) diz que, até agora, “a exploração comercial de anchoíta patagônia não atingiu grandes níveis, estando, em média, em cerca de duas mil toneladas por ano desde a década de 60”. O volume de captura está longe do máximo tolerado pelo Inidep para a população da espécie bonaerense, que vive entre o sul do Brasil e o sul da província argentina de Buenos Aires, que é de 12 mil toneladas anuais, e para a patagônia, de cerca de 60 mil toneladas.

“No Inidep somos muito precavidos, e afirmamos que o problema não é tão dramático”, declarou ao Terramérica um cientista dessa entidade, que participou das pesquisas mas preferiu o anonimato. A preocupação com o recurso começou em 2003, quando o Conselho Federal Pesqueiro aprovou o Plano de Pesquisa para o Desenvolvimento de uma Pesca Sustentável de Anchoíta Patagônia, proposto pela província de Chubut. Diante da emergência declarada para a superexplorada merluza comum (Merlucius hubbsi), a província alertava para o avanço sobre uma espécie subexplorada.

O plano experimental, prorrogado em 2005, contou com a participação de funcionários, empresas pesqueiras, técnicos do Inidep e da Fundação Patagônia Natural. Agora a Fundação afirma que os estudos do Inidep não incluíram mecanismos específicos para quantificar os efeitos da pesca de anchoíta sobre peixes e fauna selvagem que dela dependem. Também expressou seu temor de que o recurso se destine a fabricar farinha de pescado. A fonte do Inidep respondeu que o organismo “não estuda em particular o impacto sobre as demais espécies”, mas que as envolve ao considerar parâmetros como a morte natural de anchoítas quando outro animal se alimenta delas.

A respeito do temor de que a espécie seja usada como matéria-prima para a indústria, Godelman explicou que o plano aprovado pelo Conselho estabeleceu que as empresas participantes “não poderão ter como objetivo a fabricação de farinha”. O titular da Cedepesca disse que somente a anchoíta bonaerense se destina a isso, e não na Argentina, mas no Uruguai. Entre os dois países são capturadas cerca de 70 mil toneladas por ano – em um máximo permitido de 120 mil toneladas – e a maioria se destina a essa indústria. “Este sim é um problema a ser acompanhado de perto. A exploração da pesca de anchoíta bonaerense para fabricar farinha representa um risco real”, assegurou Godelman.
(Por Marcela Valente, Terramérica, 22/01/2007)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=27008&edt=1

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