Construção de porto de águas profundas exige EIA/Rima, diz ONG
2007-01-23
A construção de um porto de águas profundas no litoral do Espírito Santo exige a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e de Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Sob pena de se repetir a tragédia ocorrida em Camburi, com a destruição da praia, a partir da construção do píer do porto de Tubarão, da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).
A exigência para produção do EIA/Rima do projeto e a lembrança da destruição de Camburi é do presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Freddy Montenegro Guimarães.
A sugestão para construção de um porto de águas profundas próximo ao porto de Tubarão é da diretoria da Intersindical da Orla Portuária do Espírito Santo. A proposta foi divulgada em A Gazeta, na edição de sábado (22). O porto, com profundidade superior a 15 metros, seria construído próximo ao porto de Praia Mole, da CST. Receberia supercargueiros, com capacidade para transportar mais de 10 mil contêineres. Este seria o primeiro porto do país com esta capacidade.
A Acapema alerta que um novo píer ou a ampliação do atual em Praia Mole pode agravar a situação da orla de Vitória. As correntes marinhas da baia de Camburi foram desviadas com a construção do enrocamento do porto de Tubarão. Uma das conseqüências deste processo é a perda da areia da praia de Camburi.
Nem a construção de três píeres na praia de Camburi foi capaz de conter a erosão. A areia colocada por dragagem na praia logo é arrastada para o fundo do mar.
Além das possíveis conseqüências desastrosas para a Grande Vitória, outros projetos podem comprometer o litoral do Estado. É o caso de cinco píeres anunciados para a praia Central de Marataízes. E do cais para pescadores, anunciado para Ponta da Fruta, em Vila Velha.
Há ainda projetos menores, porém com impactos locais significativos, como o píer do Iate Clube, na Praia do Canto. O novo píer poderá completar a destruição da praia, hoje permanentemente interditada pela poluição que a falta de circulação da água provoca no local. Poderá ainda impedir a prática de esportes náuticos pela população.
O Complexo Portuário do Espírito Santo é formado pelos portos de Vitória, Regência, Barra do Riacho, Praia Mole, Tubarão e Ubu. No total, movimentam em torno de 45% do PIB Estadual e são responsáveis por 9,13% de todo o valor exportado pelo país e 4,95% do valor importado. É o segundo maior complexo exportador em valor e o sétimo maior importador do país.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 22/01/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/janeiro/22/noticiario/meio_ambiente/22_01_06.asp