FUNCIONÁRIOS DA PETROBRAS ENTRAM EM GREVE POR CAUSA DOS ACIDENTES
2001-10-24
Um ato público para denunciar a insegurança de trabalho na Petrobras precedeu a missa de 7° dia, celebrada hoje em Carmópolis, a 47 quilômetros de Aracaju, pela morte de Alex Evaristo da Silva, funcionário da Petrobras, que presta serviço para a estatal. Ele trabalhava na sonda SPT-59, em Carmópolis, e foi atingido por uma peça de 30 quilos que despencou de uma altura de 10 metros. Durante o ato, os petroleiros sergipanos também decidiram entrar em greve a partir de amanhã. Segundo o diretor do Sindicato dos Petroleiros para Sergipe e Alagoas (Sindipetro), Dalton Francisco dos Santos, em menos de dois meses oito petroleiros sofreram acidentes graves, com duas mortes. No dia 7 de outubro, o plataformista da Perbrás Anísio Barreto Teles morreu eletrocutado na sonda SPT-34. -Foi imperícia. Colocaram o rapaz para trabalhar num local energizado, denuncia Dalton. O sindicalista garante que a falta de manutenção nas sondas e plataformas da Petrobras é a principal causa dos acidentes ocorridos nos últimos anos. O diretor do Sindipetro denuncia ainda que a maioria dos funcionários das empresas que trabalham para a Petrobras em Sergipe e Alagoas não são adequadamente treinados. -Além disso, recebem salários miseráveis - o piso de um plataformista da Petrobras é R 280 - e são estimulados a vender as folgas e fazer hora extra, reclama. Alex Evaristo da Silva, por exemplo, começou a trabalhar como plataformista há 3 meses. Antes, ele atuava como goleiro do Vasco Esporte Clube, um time da 2ª divisão do Estado. Os petroleiros de Sergipe e Alagoas decidiram entrar em greve seguindo orientação nacional. Eles estão reivindicando melhoria salarial, cancelamento das punições, fim dos acidentes, concurso público e redução da jornada de trabalho. - Tem muita coisa errada na Petrobras. Entendemos que é possível reduzir os acidentes a zero desde que a empresa volte a se preocupar com a manutenção e o treinamento de pessoal, diz Dalton Francisco. Ele denuncia que na Perbrás um plataformista recebe orientação verbal por apenas 15 dias. -Um profissional desse precisa ser treinado por dois anos para ser considerado apto para o trabalho, explica o sindicalista. (Agência JB)