O consórcio Global Agrienergy, constituído pelas empresas paulistas Vigna Brasil e Agropecuária Terravista, anunciou na semana passada a instalação de uma usina de biodiesel no Tocantins, com investimento projetado em R$ 60 milhões. O aporte será destinado à instalação de uma esmagadora de grãos, uma usina de biocombustível e plantação de oleaginosas, como pinhão-manso e girassol.
O complexo industrial será implantado entre Palmas e Paraíso do Tocantins, região central do Estado, e terá capacidade para produzir 100 milhões de litros do biocombustível por ano.
Lupercio Fernandes de Moraes, diretor do consórcio, observa que a Agropecuária Terravista - da qual é sócio com outros três empresários - conta com fazendas em Paraíso do Tocantins, onde serão cultivados 5 mil hectares de pinhão-manso nos próximos meses. No segundo semestre, o grupo iniciará a instalação da esmagadora e da usina.
"A Agropecuária Terravista já opera no Tocantins há oito anos com pecuária e produção de abacaxi e há dois anos estudávamos a entrada no segmento de biodiesel", afirma Moraes.
A decisão foi tomada após um estudo de viabilidade econômica por meio do qual o grupo detectou oportunidades de venda de biodiesel às regiões Centro-Oeste e Norte e de exportação ao mercado europeu. "A região metropolitana de Tocantins foi escolhida devido à proximidade com a Ferrovia Norte-Sul e com o aeroporto de Palmas, o que permite tanto vender para o mercado interno quanto exportar", diz.
O governo federal estima que a região Norte consumirá, a partir do próximo ano, 70 milhões de litros de biodiesel por ano, para atender à demanda obrigatória de mistura de 2% do biocombustível no diesel. Atualmente, existe na região apenas uma usina em operação, da Agropalma, com capacidade para produzir 8 milhões de litros por ano.
De acordo com Brasil Américo Gonçalves, assessor técnica da Secretaria de Agricultura do Tocantins, esta será a segunda usina de biodiesel a ser instalada no Estado. A Brasil Ecodiesel também implanta uma unidade em Palmas, com capacidade para cerca de 120 milhões de litros de biodiesel por ano, produzidos a partir de mamona e pinhão-manso.
Hoje são cultivados no Estado 450 hectares de pinhão-manso e 1,5 mil hectares de mamona. Gonçalves observa que existe hoje em Tocantins 5 milhões de hectares de áreas degradadas pela atividade pecuária e que podem ser aproveitadas para o cultivo de matérias-primas voltadas à produção de biocombustíveis. "A instalação de usinas de biodiesel está forçando a introdução de novas culturas no Estado, o que pode favorecer a atividade agrícola já neste ano", afirma.
(Por Cibelle Bouças,
Valor Econômico, 23/01/2007)