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2007-01-23
As crescentes necessidades energéticas do mundo ligadas à mudança climática, atribuída ao aquecimento global, impulsionam o desenvolvimento da polêmica energia atômica no Japão, especialmente a exportação de tecnologia nuclear, afirmam os especialistas.

“De fato, não se pode negar que as preocupações ambientais e uma nova crise energética desferiram um golpe mortal ao movimento contra a energia nuclear e o apoio a fontes renováveis de energia”, disse o cientista e pesquisador Hioraki Koide , da Universidade de Kyoto. “Mas é uma solução errônea”, acrescentou. Koide disse que sua pesquisa demonstra que a energia atômica não contribuirá para a redução dos gases causadores do efeito estufa a longo prazo, como se afirma.

“É necessário equilibrar as vantagens da energia nuclear. Embora não emita gases como o dióxido de carbono (um dos principais responsáveis pelo aquecimento), a desvantagem é que a contaminação procede da construção das usinas, e que o funcionamento dos reatores nucleares e o armazenamento do lixo atômico utilizam eletricidade de outras fontes, como o carvão”, explicou à IPS. “Além disso, no caso de haver um acidente, a destruição do meio ambiente seria extremamente séria. Estes aspectos devem ser considerados ao se examinar os planos para aumentar esta poderosa energia”, acrescentou.

Entretanto, no Japão há sinais indicando que o governo leva adiante o impulso da energia nuclear, justo quando a população está preocupada pela mudança climática e pelos altos preços do petróleo. De fato, este inverno aumentou o perfil da energia nuclear, pois, por causa das altas temperaturas que levaram à escassez de neve, os hotéis e os centros de esqui enfrentam o cancelamento de reservas e a queda no número de turistas.

“A neve começou a cair há apenas algumas semanas, e neste ano acumularam apenas sete centímetros, em comparação com os 88 do ano passado. Deve-se fazer algo logo para reverter a situação”, disse Keiko Azumi, dono de uma pousada em Aomori, norte do país. A prefeitura de Aomori, que abriga várias instalações nucleares, foi obrigada a cancelar uma competição anual de estudantes de esqui devido à escassa nevada deste ano, a mais pobre das 34 temporadas anuais que tem o torneio.

Os fabricantes de produtos eletrônicos e as lojas afirmam que caíram em 60% as vendas de roupas de inverno e aparelhos de calefação, por causa do clima mais quente. “O desenvolvimento da energia nuclear é uma forma importante de proteção contra o aquecimento global. A experiência de 40 anos do Japão no desenvolvimento desta tecnologia e seu bom desempenho em matéria de segurança lhe deram um papel na expansão dessa fonte energética a favor do meio ambiente”, afirmou Shinichi Mizumoto, do Ministério da Economia, Comércio e Indústria que encabeça este setor.

Mizumoto minimiza as preocupações por vários acidentes ocorridos em usinas nucleares do Japão – em 2004, cinco trabalhadores morreram por causa da radiação emitida após um acidente no reator de Mihama – afirmando que o governo aumentou as inspeções e criou padrões de segurança. “Em uma nação que sofreu os efeitos da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos em 1945, o governo garante a existência de programas de segurança”, disse à IPS.

Nesse sentido, a Agência de Energia e Recursos Nacionais elaborou este mês um plano para aumentar os subsídios do governo central aos suas contrapartes locais que aceitarem construir instalações de lixo nuclear. A oposição da população complica as políticas a este respeito. A municipalidade de Rokkashomura, localidade da prefeitura de Aomori, aceito a primeira usina comercial para reciclar combustível nuclear que utilizará plutônio. Segundo ela, a unidade é uma importante fonte de renda e o governo estudou conceder verbas superiores a US$ 16 milhões para sua construção.

“Quando se promove a energia atômica como boa para o meio ambiente, a oposição pública enfraquece. As pessoas sentem certo tipo de responsabilidade. Benefícios econômicos como os subsídios e o emprego também são motivos de preocupação genuínos, pois se vêem diante de opções difíceis”, disse Mosamichi Seido, pesquisador do Instituto de Estudos Regionais de Aomori. O Japão tem 55 usinas nucleares e pensa construir mais 11. Em nível internacional, Tóquio também espera situar-se à cabeça das exportações de tecnologia nuclear para a Ásia. O boom da economia da China transformou este país em um gigantesco mercado, seguido pelos da Índia, Indonésia e Vietnã, estimados em milhares de milhões de dólares.

“O Japão está pronto para responder às solicitações das nações asiáticas que tentam utilizar a energia atômica como uma fonte de energia a mais. Com nosso excelente desempenho na utilização deste tipo de energia com fins pacíficos, insistimos que a Ásia cumpra os requisitos de segurança, incluindo sua adaesao ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP)”, afirmou Mizumoto. Em setembro, a agência encarregada de energia tentou estabelecer um sistema para o ciclo de combustível nuclear que requer um contexto internacional para fornecer e controlar os que utilizam urânio, o que, espera-se, enfrente um período de escassez devido à crescente demanda.

O Japão carece de recursos energéticos e depende muito de fornecedores como Austrália, Canadá e Cazaquistão para conseguir essa matéria-prima. Neste mês, o governo também tentou solucionar a delicada situação criada pelo fato de a Índia não pertencer ao TNP, ao reconhecer uma lei norte-americana aprovada em dezembro e que permite a venda de combustível e reatores nucleares a esse país. Isso permitirá que as companhias japonesas participem da expansão das usinas nucleares da Índia, segundo o jornal Yomiuri.

A consultora do capítulo japonês da organização ambientalista Greenpeace em matéria de energia, Miname Suzuki, considera que há interesses econômicos e de orgulho nacional, e não de segurança pública, por trás do programa de energia atômica do governo. Somente 6% do orçamento de energia se destinam a fontes renováveis seguras em comparação com mais de 30% para a energia atômica, ressaltou. “A energia nuclear é uma ferramenta a mais na intensa estratégia japonesa para desempenhar um papel global ativo. Deve-se prestar atenção à oposição pública”, disse Suzuki à IPS.
(Por Suvendrini Kakuchi, IPS/Envolverde, 22/01/2007)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=2096&Itemid=2

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