Portugal não vê necessidade de energia nuclear para redução dos gases efeito estufa
2007-01-22
O ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, defendeu que Portugal não precisa produzir energia nuclear para cumprir as metas estabelecidas de redução dos gases com efeito de estufa. "O que me parece a mim evidente é que Portugal não precisa do nuclear para atingir as metas que tem de atingir para a redução das emissões de gases de efeito de estufa", disse o ministro, que falava em Bruxelas.
Nunes Correia salientou os "progressos magníficos" que o país está a realizar no aumento da produção de energias renováveis e reiterou que o Governo não irá promover um debate nacional sobre a energia nuclear. "No mandato deste Governo não há qualquer intenção de tratar ou encarar a questão da energia nuclear", afirmou, admitindo, mesmo assim, ser "desejável" que um dia se possa fazer em Portugal um debate sobre a produção de energia nuclear "porque todos os debates são úteis".
Quando Protocolo de Quioto foi negociado, em 1997, a União Europeia, na altura com 15 Estados-membros, assumiu o compromisso de redução de oito por cento dos gases com efeito de efeitos de estufa para 2008-2010 em relação ao ano de 1990.
Na altura, Portugal negociou, tendo em conta a especificidade da sua economia e o facto de ser pouco industrializado, um aumento de 27 por cento na emissão nacional desses gases. Nunes Correia lamenta que "infelizmente não se deu de imediato a atenção que se devia ter dado" à questão, o que levou à verificação de um aumento destes gases em 42 por cento quando o actual Governo chegou ao poder.
O ministro do Ambiente reconhece que "será difícil" Portugal cumprir o estabelecido no Protocolo de Quioto mas está convencido que será possível alcançar as metas estabelecidas. Segundo Nunes Correia, já foi possível uma redução de alguns pontos percentuais e o esforço continuará, nomeadamente através do apoio a investimentos no estrangeiro em indústrias "limpas", um esquema previsto em Quioto que dá "crédito" ao país que o implementa.
O Protocolo de Quioto é um tratado internacional com compromissos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento global. A Comissão Europeia quer promover o debate sobre a diversificação das fontes de energia dos estados-membros da União Europeia. Bruxelas não toma partido pela energia nuclear mas quer criar um quadro legal com normas de segurança e outras que possa ser utilizado nos países que decidirem utilizar este tipo de energia.
(Lusa, 18/01/2007)
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