O avanço dos condomínios horizontais no Litoral Norte do RS
2007-01-22
O cenário à beira-mar está mudando no Rio Grande do Sul. Os condomínios fechados, que há mais de uma década surgiram para atender a um público de alta renda, se alastram pela orla em propostas diversificadas, e já não visam mais apenas à classe A.
No município de Xangri-Lá, onde há a maior concentração de investimentos, estão previstos 11 canteiros de obras ao longo deste ano. São 3 mil novos lotes espalhados pelas praias de Xangri-Lá, Atlântida e Rainha do Mar, segundo o prefeito Celso Barbosa (PTB).
- Há terrenos de R$ 40 mil a R$ 1 milhão - afirma Satiro Rocha, proprietário da Imobiliária Rocha, em Atlântida.
Seja qual for o porte, os condomínios horizontais ganham terreno alicerçados em dois pilares: infra-estrutura de lazer e, principalmente, segurança. Rocha observa que, nos empreendimentos fechados, os veranistas resgataram antigos hábitos da praia, como deixar portas abertas das casas ou conviver com a vizinhança. Além disso, graças à infra-estrutura e à manutenção, os condôminos freqüentam a residência de verão durante o ano todo, algo que outros proprietários, em geral, têm medo de fazer na baixa temporada, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon), Carlos Alberto Aita.
- Nordestão não é problema quando se tem quadra de tênis, clube, piscina. Esse tipo de imóvel independe da praia - acrescenta Aita.
Financiamentos deixam classe média mais perto de lotes
Conforme o consultor Durval Pedroso, a corrida pelos lotes também é provocada pela estabilidade econômica no setor de construção civil. Quando a economia vai bem, explica, o reflexo começa na construção residencial de alto padrão, depois se faz sentir para a classe média. Mais tarde, chega ao segmento comercial e, por fim, aos imóveis de lazer. E o que era privilégio da população mais abastada está ao alcance da classe média graças aos financiamentos.
- Estamos, há dois anos, vendo um cenário estável para o futuro, e há crédito imobiliário como nunca houve por causa da taxa (básica) de juro em queda - analisa Pedroso.
É à prestação inferior a R$ 1 mil que Ricardo Wagner, diretor para mercados do Grupo Capão Novo, credita o sucesso do empreendimento Condado de Capão, loteamento cujos 523 terrenos foram vendidos ao preço médio de R$ 55 mil - negociados com 20% de entrada e saldo em 36 vezes.
Os imóveis do Pacific Residence Club, da Báril Produtos Imobiliários, por exemplo, podem ser pagos em até 60 vezes. São casas que, conforme Jaime Báril, diretor comercial da empresa, custam de R$ 155 mil a R$ 280 mil.
Consórcio para saneamento
Um dos problemas para acomodar cerca de 3 mil novas residências em Xangri-Lá é a estrutura de esgoto deficiente. Para resolver isso, prefeitura, construtoras e incorporadoras fizeram acordo: em consórcio, cerca de 10 empresas adquiriram um terreno para construir a estação de tratamento dos resíduos. A área será doada à prefeitura, que vai cedê-la à Corsan para providenciar as obras.
A estação também atenderá outras áreas. O investimento privado é de cerca de R$ 800 mil, diz o diretor para mercados do Grupo Capão Novo, Ricardo Wagner.
(Zero Hora, 21/1/2007)
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