Poluição dos EUA reduz qualidade do ar na Grã-Bretanha
2007-01-22
Gases tóxicos procedentes dos Estados Unidos elevaram a poluição de algumas cidades britânicas acima dos níveis considerados seguros e ameaçam a saúde de muitas pessoas, segundo um novo estudo publicado pelo jornal Sunday Times.
O relatório, elaborado pelo Conselho de Pesquisas sobre o Meio Ambiente (Nerc, sigla em inglês), indica que até duas mil toneladas de ozônio procedente de cidades como Chicago, Detroit e Nova York chegam ao Reino Unido diariamente.
O ozônio eleva os níveis britânicos entre 20% e 30 %, e às vezes chegando a 40%, e faz com que se supere o limite de 50 partes por bilhão, fixado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os cientistas britânicos calculam que, além desse ozônio, cerca de mil toneladas de monóxido de carbono viajam diariamente com o vento pelo Atlântico, em direção às ilhas britânicas.
O estudo, que será publicado esta semana pelo Journal of Geophysical Research, também inclui Washington e Boston entre as cidades que contribuem para a poluição na Grã-Bretanha.
Os especialistas culpam diretamente o ozônio por muitas das mortes que aconteceram na onda de calor de 2003, quando os níveis do gás no Reino Unido superaram as 90 partes por bilhão. Embora o ozônio seja necessário no alto da atmosfera, para protegera Terra dos raios ultravioleta do Sol, o ozônio de baixa altitude é um perigo para a saúde humana.
Sucessivos governos britânicos tentaram, em vão, reduzir os níveis de poluição atmosférica nas cidades britânicas, e os autores do estudo buscaram encontrar as causas para isso.
"Nossas investigações demonstram que as medidas de controle da poluição adotadas no Reino Unido não funcionam porque boa parte dessa poluição vem dos Estados Unidos", explica Alastair Lewis, professor de química atmosférica da Universidade de York.
Os Estados Unidos, o maior contaminante do planeta, são muito criticados por terem se negado a assinar o protocolo de Kyoto para a redução dos gases que contribuem para o aquecimento da superfície terrestre.
(Estadão, 21/1/2007)
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