Mutações parecem tornar gripe aviária resistente a antiviral
2007-01-19
O vírus da gripe aviária encontrado em duas pessoas contaminadas no Egito parece ter mutações que o tornam resistente à principal droga comumente usada para tratar a doença, de acordo com um exame laboratorial aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As mutações na cepa H5N1 não são drásticas a ponto de tornar o vírus capaz de desencadear uma pandemia, disseram representantes da OMS. Mas mais mutações do mesmo tipo poderão levar à necessidade de reformular as estratégias de combate à doença.
Amostras retiradas de dois pacientes egípcios - ume menina de 16 anos e o tio, de 26 - não reagiram à droga Tamiflu da mesma forma que o H5N1 comum. O Tamiflu, também chamado oseltamivir, é usado no tratamento da doença.
A menina e o tio morreram em dezembro de 2006, bem como a irmã do tio, de 35 anos, embora, no caso da mulher, não haja conformação da presença do H5N1. Os três - que moravam juntos - adoeceram num intervalo de dias, depois de se exporem a patos infectados.
"Com base na informação que temos, ainda não podemos descartar transmissão entre humanos", disse o especialista em gripe aviária e antivirais da OMS, Fred Hayden. "Precisamos entender melhor a dinâmica desse surto".
Embora já tenha havido casos de pessoas pegando o vírus de outras pessoas, tais ocorrências são raras, e a maioria dos pacientes é infectada por aves contaminadas. Cientistas temem que, se o vírus assumir uma forma capaz de se deslocar facilmente entre seres humanos, será iniciada uma pandemia de gripe.
A cepa resistente a drogas encontrada no Egito provavelmente desenvolveu-se depois que os pacientes foram hospitalizados e tratados com Tamiflu, com o vírus evoluindo em resposta à droga, disse Hayden. No entanto, não há prova de que esse seja efetivamente o caso, e é possível que vírus imunes ao Tamiflu já estejam circulando entre os pássaros. Embora o Tamiflu seja a droga principal no combate ao H5N1, especialistas poderão ter de reconsiderar opções, caso mais vírus resistentes sejam detectados.
(AP, 18/01/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/jan/18/205.htm