Vereador é preso por crime contra indíos kaingang da Reserva do Guarita, em Tenente Portela e Redentora
2007-01-18
O vereador de Miraguaí Alex Szulczewski, do PTB, está preso desde o dia 9 de janeiro por cometer crimes contra indígenas kaingang da Reserva do Guarita, em Tenente Portela e Redentora. O parlamentar e o amigo Carlos Schwanz, que atuava como "laranja", praticavam extorsão contra os índios. Ambos estão recolhidos no Presídio Regional de Santa Rosa, por decisão do juiz federal substituto Rafael Lago.
Flávio Pavlov, procurador da República de Santa Rosa, argumenta que as prisões do vereador Alex e de Carlos ocorreram antes do julgamento devido à gravidade da situação. A prisão cautelar é uma medida de exceção e foi pedida por Flávio, pois há cerca de 29 indígenas endividados no processo de roubo. O golpe vinha sendo aplicado desde 1996.
"Agimos em decorrência pela violação da ordem pública consistente no perigo que as condutas do réu perdurassem caso não houvesse uma prisão preventiva nessa fase de tramitação do processo. A preisão foi determinante para estancar a atividade criminosa dos réus. A extorsão de indígenas do Guarita através de graves ameaças a fim de efetuarem trocas de poderes através de procuração para que os réus pudessem aproveitar livremente dos benefícios previdenciários das vítimas", diz.
O procurador relata que o amigo do vereador, Carlos Schwanz, ia até a Reserva do Guarita e cooptava os indígenas para comprarem em um supermercado que dizia ser seu, mas, na verdade, é de propriedade do vereador. Carlos oferecia carona aos índios, geralmente os mais idosos, que eram levados até o estabelecimento, no Centro de Miraguaí. Lá, as compras eram debitadas dos cartões previdenciários, mas em um valor maior do que realmente os índios haviam gasto. Flávio também afirma que há indícios de que a dupla oferecia empréstimos aos indígenas e superfaturavam o valor. Em alguns casos, o pagamento dos empréstimos durava até 2009.
O procurador argumenta que a dupla explorava o fato de diversos kaingangs não falarem português, de não terem noção do valor do dinheiro da sociedade branca e nem dominarem a matemática para aplicar o golpe. "Eles se valeram da fragilidade da cultura indígena perante à sociedade branca como também se utilizaram da idade das vítimas. Eles atacavam pessoas muito idosas e que recebiam benefícios há muitos anos", afirma.
No entanto, esse não é o primeiro processo contra o vereador Alex Szulczewski sobre o mesmo tema. O Ministério Público Federal da região encaminha outro processo criminal, que abrange os anos de 1996 a 1999. Nesta ação, o parlamentar já foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão em regime semi-aberto por reter os cartões previdenciários dos indígenas. No processo atual, que recebeu denúncias de 2004 a 2006, entra a participação do "laranja" Carlos e está atualmente em avaliação.
Os réus recorreram da prisão junto à Justiça Federal da região, mas tiveram seus pedidos negados. Eles devem encaminhar o pedido de habeas corpus ao Tribunal Regional Federal nos próximos dias.
(Agência Chasque, 17/01/2007)
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