TRANSGÊNICOS TEM MENOS MERCADO QUE OS ORGÂNICOS, DIZ HOFFMANN
2001-10-24
Trazer a informação científica para a população, e tirar da questão o discurso ideológico. Assim definiu, o presidente da Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais da Assembléia Legislativa, deputado Luis Augusto Lara(PTB), os objetivos do I Fórum do Mercosul de Transgênicos, realizado ontem(23/10) no auditório Dante Barone na Assembléia dos Deputados em Porto Alegre. O primeiro palestrante, secretário de Agricultara do Estado, José Hermeto Hoffmann, defendeu a posição do governo estadual e sua política com relação aos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Abriu sua participação, lembrando a idéia de um estado livre de transgênicos e o direito de defender o meio ambiente e o consumidor. - A soberania nacional está comprometida com a questão da soja, por exemplo. Um país que não controla a produção de sua comida, não é independente, afirmou. Hoffmann provocou a bancada representante do governo federal, que em sua opinião, se preocupam mais com a questão do mercado, ao pedir que se baseiem então no mercado, uma vez que hoje se desenha no mundo uma preferência por alimentos não-transgênicos. - Isso é um grande trunfo para o Rio Grande do Sul, disse. Hoje para ele, o cenário mundial é mais esclarecido sobre as pesquisas científicas. - Está comprovado que o milho Star Link faz mal, dá alergias. Os americanos estão processando o fabricante, alertou. Recentemente o jornal Washington Street realizou um teste em 20 produtos não transgênicos e constatou a contaminação em 16 deles. Hoffmann ilustrou seu discurso com uma pesquisa feita na Bélgica, quando foi constatado que durante a transferência de DNA de uma planta para outra, há riscos de contaminação por impurezas. - A passagem de um gene para outro é de alto risco, acredita. Sobre exportação de alimentos, foi enfático. - Podemos ser um ofertante de alimentos diferenciados. A demanda de soja não-transgênica na Ásia é maior do que da transgênica, exemplificou. Ao que parece, os produtores nacionais estão seguindo a mesma cartilha do secretário, como foi verificado pelo jornal Valor Econômico, que em matéria publicada revelou a opinião de um grande número de exportadores que elogiam a atitude do governo federal de não importar mais soja transgênica. O Brasil, segundo dados do jornal Folha de São Paulo, exportou 4,5 milhões de toneladas de milho não-transgênico no ano passado. Ainda segundo a Folha, os países da Ásia estão comprando mais grãos do Brasil do que dos Estados Unidos. - O plantio de transgênicos não combina com o exportar ou morrer do presidente, ironizou Hoffmann ao encerrar sua participação.