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2007-01-18
O inverno muito quente registrado em toda a Europa já apresenta conseqüências negativas na Itália, onde, nos Alpes, foram batidos recordes de temperatura para esta época do ano, espécies confundem seus processos vitais, ursos não têm completado seu processo de hibernação e há ameaça de seca.

O Vale de Aosta e o Piemonte são as regiões do norte da Itália onde os efeitos do tempo quase primaveril são mais pronunciados, já que, em vez de neve e temperaturas abaixo de zero, características desta época do ano, os termômetros marcam 20 graus em cidades conhecidas por suas paisagens nevadas.

Neste inverno, prossegue a tendência de 2006, que teve o mês de dezembro mais quente desde 1860, segundo o serviço de medição meteorológica do observatório geofísico da Universidade de Modena (norte). Este serviço já classificou 2006 como o terceiro ano mais quente desde 1860 e o quinto mais seco desde 1830.

"A chegada do verdadeiro inverno acontecerá entre 25 e 30 de janeiro para depois continuar até fevereiro ou, talvez, até março", segundo os meteorologistas italianos. O risco de avalanchas e incêndios - um deles já causou a intoxicação de um bombeiro que apagava uma queimada entre as cidades alpinas de Piemonte e Vale de Aosta - são alguns dos fenômenos que as altas temperaturas podem provocar, segundo os especialistas.

A falta de chuvas e de neve, além das altas temperaturas, preocupam o setor agrícola da Itália, que já fala em "desastre anunciado" e teme que se repitam os prejuízos de até ? 5 bilhões (US$ 6,500 bilhões) que aconteceram em 2003. As organizações de agricultores Cia-Confederazione Italiana Agricoltori e Coldiretti ressaltaram hoje sua preocupação com a perda de suas produções e com os efeitos negativos que ela poderia causar na economia italiana.

Outro foco de preocupação deste setor é o risco de geadas repentinas que colocariam a perder os cultivos que floresceram precocemente por causa do calor que caracterizou todo o outono. A maior preocupação, segundo a Cia-Confederazione, é com os cultivos de cereais, arroz, frutas e hortaliças, e, por isto, os agricultores chamam a atenção do Governo de Roma para uma situação "cada vez mais difícil".

O alarme sobre as mudanças no clima também soou na natureza
As amendoeiras já florescem na Sicília, como se fosse março ou abril, e os ursos do parque nacional de Abruzzos - região do centro da Itália - não têm completado seu processo de hibernação, o que altera seu relógio biológico. O setor turístico das regiões montanhosas também está sendo afetado pelo clima.

A região do Piemonte enviou cartas aos ministérios do Turismo e do Trabalho nas quais pede "uma avaliação das conseqüências econômicas que a persistente falta de neve está provocando na estação de inverno", segundo a imprensa local. O serviço de Defesa Civil também estuda este fenômeno, e seu responsável, Guido Bertolasso, se reuniu nas últimas horas com quatro especialistas em meteorologia italianos para criar um grupo de trabalho para enfrentar as conseqüências da mudança do clima.

"Temos que nos habituar a situações extremas", afirmou Bertolasso em declarações à imprensa local. "Temo que o cenário dos próximos meses não esteja claro já que haverá mudanças repentinas na situação climática", disse. Bertolasso insistiu que "é necessário um uso mais racional das reservas" diante de uma piora da situação.
(Ecodebate/ EFE/ UOL Notícias, 17/01/2007)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=17233&iTipo=5&idioma=1

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