Nos EUA, medo de poluição leva à rejeição de crematórios
2007-01-17
Planos para a construção de novos crematórios vêm enfrentando resistência em várias partes dos Estados Unidos, por conta de um risco que, dizem muitos cientistas, é altamente exagerado: emissões tóxicas, especialmente vapores de mercúrio de obturações incineradas. Obturações de prata contêm quantidades mínimas de mercúrio, uma substância que pode prejudicar o desenvolvimento cerebral de crianças. O mercúrio usado em atividades industriais já encontrou um caminho até rios e mares, contaminando diversos tipos de pescado.
Representantes do setor de cremação dizem que as instalações são seguras e atendem a todas as exigências legais de qualidade do ar. Além disso, cientistas afirmam que a quantidade de mercúrio nas obturações é pequena demais para oferecer perigo. Mas os argumentos obtiveram pouca atenção em Richmond, cujos moradores combateram os planos para a construção de um crematório na cidade, cuja população é, na maioria, pobre. "Vocês vão queimar corpos, e as emissões vão para o ar", queixou-se o líder comunitário Johnny White. "Eles podem pôr isso em outro lugar, longe de onde as pessoas moram".
a Agência de Proteção Ambiental (EPA) estima que os crematórios emitem cerca de 150 quilos de mercúrio ao ano. Ativistas alegam que o número real pode chegar a três toneladas - o que, ainda assim, seria uma pequena fração dos 100 toneladas da substância que chega à atmosfera nos EUA a cada ano, principalmente de fontes industriais. Apenas 6% dos americanos optaram pela cremação em 1975. Em 2004, a proporção chegou a 31%. O aumento da demanda impulsiona a ampliação da oferta: há mais de 1.800 crematórios no país, e cerca de 200 novos são construídos a cada ano.
(AP, 17/01/2007)
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