Relatório mostra frustração no cultivo de produtos transgênicos: nenhum produto comercializado oferece benefícios para o consumidor
2007-01-16
Relatório divulgado pela organização Friends of the Earth demonstra que os cultivos geneticamente modificados falharam em seus objetivos principais na maioria dos países, e mais de 70% dos cultivos em larga escala encontram-se limitados somente a dois países (Estados Unidos e Argentina).
O novo relatório da organização, “Quem se beneficia com os cultivos geneticamente modificados?”, analisa a performance global dos transgênicos, de 1996 a 2006, e também relata a “segunda geração” de transgênicos, mais atrativos, que foram, por muito tempo, prometidos pela indústria e não apareceram.
“Atualmente, nenhum produto geneticamente modificado comercializado oferece benefícios para o consumidor em termos de qualidade ou de preço, e em momento nenhum esses cultivos foram utilizados para diminuir a fome ou pobreza na África ou em qualquer outro lugar”, disse Nnimmo Bassey, da organização Friends of the Earth África in Nigéria. “A maior parte dos transgênicos cultivados hoje em dia são usados como ração animal para suprir as nações ricas com carne”, completou.
De acordo com o relatório, os cultivos atualmente comercializados tem a função de aumentar, em vez de diminuir o uso de pesticidas, e não produzem mais do que as variedades convencionais. O meio ambiente não é beneficiado, e os transgênicos se tornarão insustentáveis com o tempo.
Na Europa, o relatório observa que houve pequeno aumento do cultivo de milho transgênico (em torno de 1% do total da produção), mas salienta a forte e continuada oposição ao cultivo na União Européia e aumento do número de regiões se declarando livre de transgênicos.
Adrian Bebb, da Friends of the Earth, afirmou que a grande oposição aos transgênicos na Europa continua restringindo o crescimento desses cultivos indesejados e desnecessários. “Consumidores e produtores podem ver que eles não oferecem nenhum valor adicional, somente aumentam os riscos para o meio ambiente e saúde”, declarou.
Um ano ruim para os cultivos transgênicos
Em 2006, o departamento de agricultura norte-americano, reconheceu, pela primeira vez, que os rendimentos da colheita de transgênicos não são maiores que aqueles de colheitas convencionais, e estudos feitos por cientistas independentes também mostra que os rendimentos dos transgênicos são mais baixos, ou, no máximo, equivalente ao rendimentos das variedades não-transgênicas.
No mesmo ano, devido à crise no setor da soja e aos baixos rendimentos no Brasil e no Paraguai, a Monsanto diminuiu suas expectativas em ambos os países. A companhia foi forçada a anunciar publicamente a redução dos royalties, no Paraguai. O ministério do ambiente daquele país detectou maiores perdas de rendimento com a soja RR do que com as variedades convencionais, verificando que as variedades geneticamente modificadas eram altamente sensíveis à seca, que atingiu a região.
Na última década a produção do algodão declinou na maioria dos países que adotaram o algodão transgênicos, como México, Argentina, Colômbia, África do Sul e Austrália, e quedas significativas na produção do algodão transgênico são previstas especificamente em 2006 para a África do Sul e o México.
(Exportnews, 15/01/2007)
http://www.exportnews.com.br/NOTICIAS/a.5a.27.htm