Sem-terra pressionam a desapropriação da fazenda Southall, em São Gabriel, que está na mira na Aracruz
2007-01-15
Com o objetivo de pressionar a desapropriação da Fazenda Southall, em São Gabriel, as 400 famílias de agricultores organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) transferiram o acampamento para uma área ao lado da propriedade, na sexta-feira (12/01) de madrugada. O espaço ocupado tem quatro hectares e foi cedido por um pequeno agricultor local. Com a chegada de novos integrantes, a área antiga teria ficado insuficiente para abrigar todos os acampados. A mudança foi monitorada pela Brigada Militar da cidade e ocorreu sem transtornos.
Segundo a integrante da coordenação estadual do MST Irma Uscroscki, os agricultores estão confiantes na desapropriação da fazenda. 'Com este novo terreno, podemos receber mais agricultores e continuar a atuação do nosso movimento pela ocupação da Southall.' Ela afirma que seria possível assentar 550 famílias, totalizando 2 mil pessoas, gerar 2 mil empregos diretos e possibilitar a instalação de duas agroindústrias na área de 13,3 mil hectares da propriedade.
O laudo realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no início de dezembro do ano passado, sobre os níveis de produtividade da Southall, ainda não foi concluído. Conforme a instituição, o resultado deve ser divulgado até o final deste mês. Na época, a equipe, formada por cinco engenheiros agrônomos, um técnico agrícola e dois peritos judiciais, buscou saber se a propriedade cumpria a função social e se poderia ser desapropriada para fins de reforma agrária.
A empresa Aracruz Celulose manifestara, em novembro de 2006, interesse em comprar 1.460 hectares da Fazenda Southall, respeitando os trâmites legais. Entretanto, com a vistoria do Incra, o negócio não poderá ser concretizado durante um período de seis meses.
(Correio do Povo, 13/01/2007)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp