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2007-01-15
A água, tão necessária à vida humana, pode ser responsável por doenças de veiculação hídrica - amebíase, giardíase, gastroenterite, febre tifóide e paratifóide, hepatite infecciosa e cólera. Indiretamente, pode estar vinculada à transmissão de verminoses. Os problemas normalmente se agravam nesta época do ano, porque muitas pessoas recorrem às fontes alternativas de abastecimento para escapar das alterações de gosto e de cheiro, provocadas pelas algas cianofíceas presentes no Guaíba.

"A maioria das fontes localizadas próximo de áreas urbanas está contaminada", adverte a coordenadora da Equipe de Vigilância de Águas da Secretaria Municipal da Saúde, Kátia Cesa. Ela afirma que as chances de contaminação são elevadas, já que as bactérias detectadas na água dessas fontes estão presentes no esgoto cloacal. "A água não tem gosto e não tem cheiro, mas não é pura", frisa. Kátia ressalta que, em Porto Alegre, apenas a vertente da Gruta da Glória não oferece risco à saúde pública, uma vez que a água passa por processo de desinfecção prévia. Os microorganismos que alteram a cor e o sabor da água do Guaíba não afetam exclusivamente os porto-alegrenses.

Moradores de Eldorado do Sul e Guaíba estão diante do mesmo dilema. No bairro Colina, em Guaíba, famílias inteiras se posicionam na fila que se forma, dia e noite, junto a uma vertente localizada na avenida Castelo, perto de um posto de combustíveis e de um depósito clandestino de lixo.

O coordenador operacional da Corsan do município, Ivan Silva de Oliveira, igualmente desaconselha o consumo hídrico captado em bicas de água doce. Segundo ele, no início do mês a estatal adotou medidas preventivas na intenção de eliminar o gosto residual decorrente da proliferação das algas. Para isso, passou a adicionar carvão ativado na purificação da água captada do Guaíba.

De acordo com Oliveira, mesmo com o gosto alterado, para saciar a sede a água oriunda das fontes oficiais de abastecimento é a mais recomendada. Ele lembra dos riscos de contaminação que podem resultar em hepatite, diarréia e verminose. O diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, Francisco Paz, diz que a água disponibilizada para consumo humano pela rede pública de abastecimento passa por minucioso monitoramento, incluindo análises química e bacteriológica. "É mais seguro usar água de um manancial contaminado por algas do que de uma vertente."
(Por Luciamem Winck, Correio do Povo, 14/01/2007)
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