Cientistas britânicos criaram várias espécies de galinha geneticamente modificadas capazes de pôr ovos com proteínas úteis para a fabricação de medicamentos contra o câncer e outras doenças, informou neste sábado (14/01) o jornal "The Sunday Times".
Os especialistas do instituto Roslin de Edimburgo (Escócia), onde foi criada a ovelha clonada Dolly, criaram 500 galinhas chocadeiras a partir da espécie comum chamada ISSA Brown, cujo DNA foi manipulado com a introdução de genes humanos produtores de proteínas.
Essas proteínas humanas se localizam na clara do ovo, da qual podem ser facilmente extraídas para a elaboração de medicamentos, explica o jornal.
Para modificar os genes dos animais, os especialistas extraíram embriões das galinhas antes de modificarem os ovos.
Segundo a publicação, estes embriões, simples grupos de células, foram injetados em outros ovos que foram "infectados" com um vírus transgênico que continha genes humanos com a informação genética necessária para a elaboração das proteínas humanas que os pesquisadores queriam produzir.
Esse vírus transportou os genes humanos às células dos embriões, onde se incorporaram ao DNA da ave.
Outros cientistas já tinham conseguido criar frangos transgênicos, mas esta é a primeira vez que a modificação genética dura por várias gerações, o que poderia permitir uma produção em massa e de baixo custo de componentes para remédios, afirma o "Sunday Times".
Uma das espécies de galinha criadas pelos cientistas de Roslin produz interferona, um agente antiviral freqüentemente utilizado nos remédios contra esclerose múltipla.
Outra espécie produz mir24, que poderia ser utilizado em um remédio experimental com potencial para tratar o câncer de pele e artrite, segundo o jornal.
A diretora do experimento, Helen Sang, trabalhava desde 1997 no desenvolvimento da técnica, que, segundo o jornal, será apresentada detalhadamente na segunda-feira na revista americana "Proceedings of the National Academy of Sciences".
"A técnica pode se transformar em uma ótima maneira de se produzir remédios especializados", disse Karen Jervis, da empresa de biotecnologia Viragen, que colaborou com o projeto.
"Criamos cinco gerações de galinhas e até agora todas continuam produzindo grandes concentrações de proteínas", afirmou.
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Notícias UOL, 14/01/2007)