Secretaria retira 168 caminhões de lixo em dois córregos de Cuiabá
2007-01-12
O lixo recolhido dentro dos córregos de Cuiabá toma proporções alarmantes. Em cinco dias, a prefeitura retirou 168 caminhões de dejetos de dentro dos córregos do Gambá, que corta o bairro São Matheus, e do Ana Poupina, no Dom Aquino. Os resíduos sólidos impedem o escoamento da água e, com as chuvas fortes, comuns nesta época do ano, as barreiras aceleram a ocorrência de alagamentos.
Sofás, ventiladores, fogões, árvores, plásticos, camas e diversos outros objetos domésticos são despejados nos córregos por moradores do entorno e também por motoristas e carroceiros que fazem frete de entulhos. “Com o que você acha nesses córregos dá para montar uma casa inteira”, afirmou o secretário municipal de Infra-estrutura, Andelson Gil do Amaral.
Além dos eletrodomésticos, outros entulhos chamam a atenção na caçamba dos caminhões que carregam as sujeiras para o aterro sanitário. São os materiais de construção, em grande parte restos de tijolos e areia. A partir do mês de junho, a Seminfe intensifica as ações de limpeza das unidades. Apenas nas que são canalizadas podem ser utilizadas máquinas durante a remoção de dejetos, nas demais, é permitido apenas o trabalho braçal, o que torna o processo mais lento.
Isso porque, em tese, os 26 córregos da Capital são áreas de preservação permanente. Contudo, um dia após a limpeza já é possível encontrar sacos de lixo e novos dejetos no entorno e até mesmo dentro deles. Além de agravar os alagamentos, o lixo polui o rio Cuiabá.
Para tentar controlar a situação, a Secretaria Municipal de Infra-estrutura (Seminfe) restabelecerá o projeto “Cata Treco” na próxima semana. Um caminhão circulará periodicamente em bairros da Capital que ficam próximos às regiões onde os alagamentos acontecem com freqüência para recolher nas residências objetos que os caminhões de lixo não têm a obrigação de levar e que são despejados em lugares inadequados.
“A situação é reflexo da falta de participação da sociedade. A pessoa pensa que é uma ilha, que só ela vai jogar um sofá. E se todo mundo pensar assim? Em Cuiabá seriam 500 mil sofás e mesmo que fosse só 1% da população, seriam 500 sofás dentro dos córregos”, apontou Amaral.
Os pontos mais críticos da Capital fazem parte do córrego do Gambá, entre o bairro São Matheus e a avenida Beira-Rio. O secretário apontou que mesmo se todos os córregos fossem limpos regularmente, o problema dos alagamentos durante as chuvas fortes persistiria, isso porque a expansão das margens é um movimento natural quando a unidade recebe uma quantidade maior de água. “Tem gente que mora a um metro da margem, quando a lei estabelece a distância de 30 metros”, disse ele.
(Por Keity Roma, Diário de Cuiabá, 12/01/2007)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=276033