Emissões poluentes podem aumentar 80 por cento até 2050, aponta União Européia
emissões de co2
2007-01-12
O consumo mundial de electricidade pode quadruplicar até 2050, o que poderá traduzir-se num aumento de 80 por cento nas
emissões poluentes, caso se mantenham as actuais tendências económicas e tecnológicas. Estas conclusões resultam de um estudo dos serviços da Comissão Europeia que serviu de base ao pacote para a energia e
alterações climáticas apresentado hoje em Bruxelas.
O estudo antecipa três cenários: um de referência (classificado de "business-as-usual"), com políticas moderadas para as
alterações climáticas e restrições de curto prazo na produção de energia; outro, de "contenção de carbono", com a adopção de
políticas ambiciosas para combater o aquecimento global; e um cenário de hidrogénio, numa variação do cenário anterior que
pressupõe o desenvolvimento da tecnologia do hidrogénio.
Cenário de referência
O caso de referência descreve o desenvolvimento do sistema de energia mundial até 2050 e as emissões de dióxido de carbono
(CO2) associadas, assumindo que se mantêm as actuais tendências económicas e tecnológicas. "Sem acções determinadas, a
procura de energia vai duplicar e a procura de electricidade vai quadruplicar, resultando num aumento de 80 por cento das
emissões de dióxido de carbono", estimou o comissário da Ciência e Investigação Janez Potocnik.
No mesmo cenário, o consumo total de energia mundial duplica, passando das actuais 10 para 20 gigatoneladas (dez mil milhões
de toneladas) anuais em 2050, embora na Europa o crescimento seja mais moderado (de 1,9 para 2,6 gigatoneladas). Os combustíveis fósseis forneceriam 70 por cento desta energia e as restantes (renováveis e nuclear) 30 por cento.
A Europa veria aumentar a sua percentagem de renováveis e nuclear dos actuais 20 para 40 por cento. O uso deste tipo de
energias seria maior a partir de 2020 e enorme a partir de 2030. A produção de petróleo iria estabilizar em 2025 nos 100 milhões de barris por dia (actualmente é de cerca de 75 milhões),
enquanto o carvão voltaria a ser uma importante fonte de produção de electricidade, atingindo um preço de 77 euros por
tonelada em 2050.
As emissões de CO2 neste cenário seriam de 900 a mil partes por milhão (ppm), cerca do dobro do que os cientistas actualmente
consideram aceitável. Na Europa estima-se que as emissões estejam dez por cento abaixo dos níveis actuais em 2050.
Cenário de "contenção de carbono"
No cenário de "contenção de carbono", as emissões de CO2 estariam perto dos 500 ppm em 2050. A procura de energia seria três
gigatoneladas inferior à do cenário de referência. As renováveis, com 30 por cento, e o nuclear, com 40, teriam percentagens
maiores na produção de electricidade. As emissões de CO2 seriam 25 por cento mais elevadas do que em 1990, mas no que
respeita à Europa baixariam para metade.
Na Europa, as renováveis iriam dar resposta a 22 por cento da procura energética e o nuclear a 40, enquanto a percentagem dos
combustíveis fósseis seria inferior a 50 por cento, permitindo prosseguir o caminho da auto-suficiência energética. O cenário de hidrogénio supõe que a procura mundial de energia seja inferior a oito por cento face ao caso de referência. A quota dos combustíveis fósseis em 2050 seria inferior a 60 por cento.
A procura de carvão desceria consideravelmente, subindo o nuclear e as renováveis. O hidrogénio forneceria 13 por cento do
consumo de energia final, comparativamente aos dois por cento do cenário de referência. Metade da produção de hidrogénio seria proveniente das renováveis e 40 por cento do nuclear e os transportes absorveriam a
maior fatia do hidrogénio (90 por cento). A Europa teria um "mix" energético com o nuclear em destaque (33 por cento), seguindo-se o petróleo, gás natural e renováveis
(20 por cento cada) e, por último, o carvão, com apenas seis por cento.
(Lusa, 10/01/2007)
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1282022&idCanal=11