Todos os ambientalistas têm sua fonte de energia “verde” que eles acham que acabará com nosso vício pelo petróleo e diminuir as mudanças climáticas. Eu vim para Montana para ver o meu. É conhecido como carvão de pedra. Sim, sim, eu sei; você pensou que eu iria falar álcool de milho ou chave de grama ou diesel de soja. Bom, um dia todos eles podem alcançar uma escala que pode nos deixar sem petróleo. Mas o combustível barato e disponível que a China, a Índia e a América têm em abundância atualmente – e que todos irão queimar pela próxima década – é carvão de pedra. Então a não ser que possamos queimar carvão de uma maneira mais limpa, você pode se despedir do clima – todos estaremos usando shorts e biquínis em Manhattam em janeiro.

Quando se relaciona com o que levará para limpar o carvão, não há mais informado e intrépido do que o governador democrata de Montana, Brian Schweitzer. O governador, um homem gigante, me encontrou em Billings em seu pequeno avião, nós voamos dentro de uma tempestade de inverno que nos jogou para os lados como pedaços de salada, e então pousamos em uma pista provisória em Colstrip, na beira de uma mina de carvão de pedra. No caminho de volta, depois de voar por outra enorme tempestade que fez com que eu roesse minhas unhas tão profundamente que até deixei minhas impressões digitais no couro, eu agradeci aos pilotos abundantemente. O governador simplesmente falou alto: ”Estou feliz que nós tínhamos os melhores estagiários voando hoje!” Quando se trata de limpar o carvão de pedra, porém, Schweitzer é extremamente sério.

“Aqui em Montana nós fazemos nossas vidas vivendo do lado de fora”, disse o governador, um agrônomo que começou construindo fazendas na Arábia Saudita, “e quando você faz isso, você sabe que o clima está mudando. Nós não temos mais tanta neve como costumávamos e a primavera vem mais cedo. O rio que pesco faz 50 anos agora está mais quente em julho 5 graus do que 50 anos atrás, e é difícil para a nossa população de trutas. Então quando a Exxon Mobil contrata alguém que se considera “cientista”, isso não é verdade, você não tem que ler o New York Times para saber que o cara está soprando fumaça.

Mas aqui está o que o governador também sabe: Montana tem um terço de todos os depósitos da América – 8% de todo o carvão do mundo. O carvão de Montana é quase o equivalente a 240 bilhões de barris de petróleo. “Isso é suficiente para substituir todo nosso petróleo importado por 60 anos”, ele observou. Essas são as boas novas. As más é que devido ao aquecimento global – aumentado em parte por emissões de dióxido de carbono de instalações de energia queimadoras de carvão – o único jeito que poderemos usar todas as reservas de carvão é se nós conseguirmos queimar carvão sem emitir CO2. Senão, estamos fritos, literalmente.

Então a cruzada de Schweitzer é conseguir com que as indústrias que queimam carvão liderem isso, em parceria com o governo. O governador lembrou que em uma conferência recente de indústrias dependentes de carvão, em Phoenix, na qual segurou um bloco de carvão e avisou: ”Vocês são as pessoas que representam as empresas que decidirão se eu tenho o futuro da energia ou o passado. Olhe para todas as pessoas que sentam na sua mesa. Você sabe que você vê? As únicas pessoas do planeta que acreditam que o CO2 não é um problema. O único jeito que vocês tornarão essa a energia do futuro é reconhecer que CO2 é um problema e que vocês têm que fazer parte da solução”. E por sinal, ele acrescentou, “Há muito dinheiro nisso para vocês. Vocês podem vender essa tecnologia pelo mundo todo”.

Schweitzer tem um plano para Washington: 1) determinar um preço base para petróleo não processado em US$40 o barril para sempre. 2)Montar um sistema de troca similar ao europeu que recompense empresas que comprem tecnologias limpas de carvão e punir aqueles que não. 3) Fazer com que Washington co-invista em uma dúzia de tecnologias de liquefação e gaseificação – que já existe – para limpar carvão e separar dióxido de carbono. 4) Escrever as regulamentações agora sobre como nós iramos lidar com dióxido de carbono que será retirado do carvão e mantido embaixo da terra.

Conforme falavámos, quatro chaminés da instalação de queima de carvão em Colstrip, que fornece energia para Portland e Seattle, estavam expelindo CO2. “Nos últimos 100 anos, construímos instalações como essas”, disse o governador. “Precisa de carvão esmagado, esquentá-lo na água quente que produz vapor, e que se torna uma turbina e produz eletricidade. Você constrói essa chaminé bem alto para que essa coisa nojenta vá para o jardim de outro. Bom, acabaram-se os jardins”.
(Por Thomas L. Friedman, The New York Times, 10/01/2007)
http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york_times/2007/01/10/comentario_meu_carvao_ecologico_preferido_311150.html