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2007-01-11
A progressiva deterioração ambiental do norte e noroeste capixaba, que transformaram estas regiões em semi-árido, está exigindo que as pessoas, principalmente no campo, façam reserva de água. O Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) tem como meta construir 600 unidades este ano para reservar água para que as famílias possam ter água potável para beber e cozinhar.

A meta foi anunciada nesta quarta-feira (9/1) pela vice-coordenadora do programa no Espírito Santo, Sandra Madalena Valentim. Ela destaca que entre 2003 e 2006 foram construídas 366 cisternas. Foram atendidas famílias de trabalhadores rurais em 18 municípios do norte e do noroeste.

Cada cisternas tem capacidade para armazenar 16 mil litros de água, captada das chuvas através de calhas instaladas nos telhados. Os buracos, revestidos de blocos de concreto, têm 1,5 metro de profundidade e quatro de diâmetro. A água reservada é suficiente para atender uma família com cinco a seis pessoas por seis meses, com o uso racionalizado ao máximo.

A cisterna é construída por pedreiros das próprias localidades, formados e capacitados pelo programa, pelas próprias famílias, que executam os serviços gerais de escavação, aquisição e fornecimento da areia e da água. Os pedreiros são remunerados e a contribuição das famílias nos trabalhos de construção se caracteriza com a contrapartida no processo.

O custo médio das cisternas é de R$ 1.500,00 a unidade, valor até 2005 e inclui até a administração do sistema. Do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido: um Milhão de Cisternas Rurais - P1MC, a parte que caberá ao Espírito Santo será de 7.600 cisternas.

Sandra Madalena Valentim informou que a definição de metas do programa é traçada em grupo, com representantes de associações de pequenos agricultores, quilombolas, do Projeto Pacovi (dos filhos das mulheres que trabalham no corte da cana-de-açúcar), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), dos sindicatos dos trabalhadores rurais, dos assentamentos de trabalhadores rurais do MST e da Fetaes e de associações de bairros, essas em alguns locais.

Essas organizações fazem parte da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), um fórum de organizações da sociedade civil, que vem lutando pelo desenvolvimento social, econômico, político e cultural do semi-árido brasileiro, desde 1999.

A vice-coordenadora do programa no Estado informou que a meta do Espírito Santo para construção de cisternas em 2007 será confirmada no dia 8 de fevereiro em Recife, quando a coordenação do programa se reúne. No Estado as definições serão discutidas no final de fevereiro.

Além do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) o ASA também mantém o projeto demonstrativo do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e o Programa Bomba D'água Popular (BAP), os dois últimos não desenvolvidos no Estado.

O governo federal também anuncia que ampliará seu programa desenvolvido em regiões secas do Brasil para transformar água salgada em potável. Nele, é tratada a água subterrânea do Semi-Árido. Diz o governo que a medida, voltada a locais de baixo IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, é uma adaptação do IDH aos indicadores regionais brasileiros, criado pelo PNUD e parceiros), atende hoje 80 localidades, e deve chegar a 120 até dezembro.

O programa, chamado Água Doce, é do Ministério do Meio Ambiente. Consiste na instalação de sistemas de dessalinização em comunidades em que chove pouco. Além do Espírito Santo participam do projeto estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, e Minas Gerais.

Desmatamento e uso inadequado formam desertos no Estado
No Espírito Santo restam apenas 7% da mata atlântica original. O desmatamento foi realizado por madeireiros que dizimaram a floresta em busca de jacarandá, jequitibá e peroba, entre dezenas de outras espécies de excepcional valor comercial.

A destruição da mata foi seguida de plantios de café e, depois, por pastagens. O Estado tem cerca de 1.800.000 hectares de pasto, a quase totalidade degradados, com baixa produtividade. No ciclo da destruição veio a seguir o plantio de cafezais, mesmo em áreas impróprias.

Nos últimos 40 anos, a deterioração das condições ambientais no campo é provocada por plantios intensivos de eucalipto (principalmente da Aracruz Celulose), pinus (do empresário Camilo Cola) e cana-de-açúcar.

Tais processos já destruíram 600 mil hectares de terras que estão em processo de desertificação. Entre estes, o Deserto Químico do Vale do Suruaca.

No conjunto, a degradação ambiental afeta o ciclo da água. No Estado, alguns municípios, como Ecoporanga, já apresentam déficit hídrico. As medidas adotadas, como a construção de cisternas, são atenuantes dos efeitos da seca.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 10/01/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/janeiro/10/noticiario/meio_ambiente/10_01_07.asp

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