Secretário de Agricultura diz que vai apoiar projeto de irrigação
2007-01-11
A posse será na próxima terça-feira. Mas o futuro secretário da Agricultura, João Carlos Machado, já sentiu ontem o peso do cargo. Cumprindo uma agenda apertada, reuniu-se em Porto Alegre com a governadora Yeda Crusius. À noite, voltou para sua terra natal, Camaquã, onde é prefeito, para se reunir com lideranças locais antes de retornar, hoje, à Capital.
Na entrevista concedida ontem, optou pela cautela ao falar de planos para a defesa sanitária ou controle fitossanitário do arroz, por exemplo. Alegou que precisa analisar a estrutura da secretaria. Nos próximos dias, o descanso das férias que Machado, 62 anos, tirava na sua fazenda, em Arambaré, dará lugar ao estudo das futuras atribuições e aos contatos políticos.
Pergunta - Como o senhor foi convidado e por que aceitou assumir a secretaria?
João Carlos Machado - O primeiro convite foi feito no dia 30 de dezembro. Só que me ligaram de manhã e até o fim da tarde eu tinha de dar resposta. Levei um susto. Naquele dia, eu disse que não poderia aceitar, porque o tempo era muito curto para analisar. Mas o assunto vazou e comecei a receber muitos contatos de amigos, da comunidade, dando motivação para, se renovado o convite, eu aceitar. Até que ontem (segunda-feira), no final da tarde, tocou o telefone, e a governadora disse que gostaria de contar comigo.
Pergunta - A que o senhor atribui a dificuldade de encontrar um nome que aceitasse a Secretaria de Agricultura?
Machado - Eu não saberia te responder, porque fiquei completamente fora dessas articulações. Só sabia das notícias pelos jornais. Só sei o que a governadora me disse. Ela me convidou por eu ser um produtor rural - e há muito tempo não há um na secretaria - e por ser um prefeito.
Pergunta - O senhor acha que a secretaria ficou esvaziada após ter sido criada uma pasta só para a irrigação?
Machado - Penso que a governadora quis dar uma preferência, atenção especial (para a irrigação). Porque as atividades da Secretaria da Agricultura são bastante amplas. Certamente a Agricultura vai participar desse programa liderado pelo secretário Rogério Porto. O projeto de irrigação terá o nosso apoio. O importante é que a iniciativa seja exitosa.
Pergunta - A Agricultura volta a responder pelas questões fundiárias, já que o gabinete de Reforma Agrária foi extinto. O senhor teme algumas dificuldades com isso, já que terá de lidar com disputas por terra e pressões de movimentos como o dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra?
Machado - Eu não vejo dificuldades. Sempre me caracterizei por ser uma pessoa de diálogo, de ouvir muito, de buscar humanizar as relações. Sem harmonia não temos como crescer e se desenvolver. E se tratarmos todos com respeito, haverá uma boa relação com todos.
Pergunta - O que o senhor vai propor de reduções de despesas?
Machado - Teremos cortes de gastos. Vamos diminuir cargos em comissão e reestruturar a secretaria, para ser mais eficiente e ágil, dando mais respostas à sociedade. Mas, antes, preciso me inteirar sobre a atual estrutura, para depois tomar decisões. Isso será feito de maneira muito criteriosa. Não quero tomar nenhuma decisão que não seja bem pensada, porque na hora de tomar atitudes é preciso firmeza.
Pergunta - O secretário interino Celso Bernardi garantiu a manutenção da portaria 200, que impede entrada de carne com osso de outros Estados. O senhor manterá a mesma posição?
Machado - Essa portaria está em vigor e precisa ser cumprida. Precisamos ser muito claros e muito firmes. Não podemos fechar os olhos (para a entrada de carne de fora, como a que ocorreu no final de 2006). Mas parece que isso está resolvido. Esperamos que a falha não se repita.
Pergunta - A análise fitossanitária e pesagem do arroz do Mercosul que entra no Estado serão feitas, conforme legislação estadual?
Machado - Há um problema legal. Alguns dizem que essa é uma atribuição do governo federal, já que envolve as relações entre países. Não podemos facilitar ou deixar que produtos sem a mesma sanidade (exigida para o produto gaúcho) entrem no Rio Grande do Sul. É preciso definir de quem é a responsabilidade do controle.
(ClicRBS, 10/1/2007)
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