A Brascan Energética, criada em 1999 no Brasil e controlada pelo grupo canadense de mesmo nome, deverá manter o ritmo de investimentos no país. Concebida para atuar na implantação, construção e no gerenciamento de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Brasil, a empresa negocia a aquisição de 76,5% da Companhia Hidrelétrica Figueirópolis (CHF), que hoje pertence a Cleber Moreira Brum (95%) e Cleber Moreira Brum Filho (5%).
O martelo ainda não foi batido pela Brascan e o grupo apenas confirma que as negociações estão em andamento, segundo sua assessoria de imprensa. Mas a subsidiária da companhia canadense já tem o que comemorar. Ela recebeu sinal verde da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, que declarou a operação como sem restrições. A rubrica da Seae auxilia a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na aprovação do negócio.
Caso o negócio seja fechado nestes termos, a Brascan terá 76,5% e a família Moreira Brum ficará com o restante. No entanto, ainda não foi divulgado como será a divisão entre os dois membros da família.
A Brascan deve adquirir a PCH Figueirópolis, cuja autorização e a construção pertence a CHF, ainda no papel. Atualmente, o empreendimento está em fase de pré-construção e há pendência em relação à outorga de licenciamento ambiental por parte do município e estado, além das autorizações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para início das obras e operação comercial.
Instalada em Figueirópolis d'Oeste (MT) e com capacidade de 22 megawatts (MW), a PCH poderia adicionar, segundo cálculos da Seae, 0,02% à participação de mercado que a Brascan já possui atualmente. E, apesar de não ter revelado números, fontes do mercado asseguram que construir uma PCH minimamente viável, com uma potência de 10 megawatts (MW), costuma consumir investimentos de US$ 13 milhões e gerar receita anual ao redor de R$ 7 milhões.
No Brasil, hoje, a Brascan possui 13 PCHs, que juntas têm uma capacidade instalada de 220 MW. Somando-se aos cinco empreendimentos que estão em construção, a potência subirá para 310 MW.
A companhia, que produz hoje mais de 1 milhão de megawatts/hora (MWh), opera PCHs nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Dos empreendimentos que estão em construção, a Brascan possui uma no Estado do Mato Grosso do Sul e outra em Mato Grosso, sendo que ambas estão na fase final de obras. Além disso, possui outras três no Rio Grande do Sul. Nessas unidades gaúchas, a construção foi iniciada simultaneamente, em outubro do ano passado.
A criação da Brascan Energética em 1999 marca, na verdade, a volta do grupo ao setor que marcou seu início no país, o segmento elétrico. Apoiada em um forte pilar financeiro da Brascan Corporation, que movimenta no mundo ativos de cerca de US$ 22 bilhões, e trabalhando em conjunto com o banco Brascan, a empresa nasceu com foco no desenvolvimento, implantação, construção e operação de centrais hidrelétricas para geração de energia. A companhia se apóia em uma estratégia que visa usinas de até 300 MW, mas com especial foco em empreendimentos com até 30 MW de potência instalada.
(
Valor Econômico, 10/01/2007)