Aquecimento global provoca volatilidade do petróleo
2007-01-10
A culpa é do aquecimento global. As altas recorde de temperatura observadas nos Estados Unidos e na Europa estão reduzindo a demanda por combustível e contribuindo para impor as maiores flutuações já experimentadas pelo petróleo em mais de um ano. Wall Street nunca esteve mais dividida quanto aos rumos do mercado de petróleo bruto, o que reforça ainda mais as oscilações dos preços do produto. O petróleo caiu a partir de seu recorde de US$ 78,40 o barril alcançado em julho passado, quando os meteorologistas disseram que os furacões, reforçados pelas mudanças climáticas, poderiam destruir as unidades de produção petrolífera do litoral -americano do Golfo do México.
O petróleo bruto caiu 7,8%, para US$ 56,31 na semana passada, quando Nova York quebrou um recorde de 129 anos: a cidade chegou até esta altura do inverno sem neve. O inverno teve início no Hemisfério Norte em 21 de dezembro e se estende até 21 de março. Já o Reino Unido disse que 2007 pode ser o ano mais quente de todos os tempos.
"Os otimistas do mercado (de petróleo) foram derrubados pelo clima", disse Adam Sieminski, economista-chefe de combustíveis do Deutsche Bank AG de Nova York, que prevê o preço médio de US$ 62 para o barril de petróleo em 2007. Ele disse que as recentes temperaturas amenas derivam do padrão climático cíclico El Niño e, em menor escala, do aquecimento global. A volatilidade está obrigando as companhias aéreas e a indústria de transformação a mudar as estratégias empregadas para baixar os gastos com combustíveis. As despesas com os contratos de hedge, que protegem essas empresas contra os aumentos dos preços, dispararam, aumentando quaisquer prejuízos potenciais decorrentes de uma aposta equivocada.
"Nossos assessores estão nos orientando a ir devagar agora que os preços estão muito voláteis" e a limitar os contratos de hedge de querosene de aviação, disse Sudesh Punhani, diretor financeiro da Air India Ltd., a maior companhia aérea do país.
"Ainda temos a opção de fazer mais contratos de hedge, mas não a utilizamos." Boa Safra de Transações As oscilações dos preços do petróleo geram lucros para bancos de investimento como o Goldman Sachs Group Inc. e o Morgan Stanley, os dois maiores de Wall Street para os mercados de commodities. Cada um desses bancos gerou US$ 2,5 bilhões em receita de transações com combustíveis e commodities no ano passado, segundo estimativas do Coalition Development, com sede em Londres, empresa que assessora o setor de serviços financeiros.
As transações com contratos de petróleo na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex) alcançaram seu recorde e seu máximo de volatilidade desde novembro de 2005. Wall Street está dividida em torno da possibilidade de a queda vertical do petróleo continuar. A mediana das estimativas para o petróleo bruto na Nymex em 2007 é de US$ 62,70 o barril, segundo dados reunidos pela Bloomberg.
Os preços deste ano alcançarão em média US$ 76 o barril, diz Paul Horsnell, analista do Barclays Plc que previu a alta do petróleo bruto, para um patamar recorde, em 2006. Nem tanto, diz Eoin O'Callaghan, do BNP Paribas SA, que projeta um preço médio de US$ 57,90 o barril para este ano. Horsnell e os outros analistas que antecipam preços mais elevados para este ano prevêem crescente demanda por petróleo por parte da China e da Índia e aumentos restritos de produção dos países não-filiados à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Os autores de projeções pessimistas, como O'Callaghan, dizem que a desaceleração do crescimento mundial e o aumento das temperaturas vão reduzir o consumo.
O petróleo fechou praticamente estável ontem. Na Nymex, o barril para entrega em fevereiro fechou a US$ 56,31, em queda de apenas US$ 0,22 em relação à sessão de sexta-feira. As cotações passaram perto dos US$ 58 nesta segunda-feira.
(Observatório do Clima/ Jornal do Commercio, 09/01/2007)
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