Efeito de óleo de soja na persistência de endosulfan no ambiente
2007-01-09
Tipo de trabalho: Tese de Doutorado
Instituição: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP)
Ano: 2005
Autora: Célia Maria Dias Corrêa
Contato: celiadcorrea@merconet.com.br
Resumo:
Os pesticidas fazem parte do conjunto de tecnologias associadas à modernização da agricultura e com o uso generalizado destes muitos problemas começaram a ser diagnosticados, entre eles, a contaminação de solos e água. A permanência no ambiente está relacionada às características físico-químicas destes produtos, bem como as do ambiente, que definem processos de transporte, retenção e transformação entre compartimentos ambientais. Em âmbito mundial, o emprego de técnicas que visem a minimizar o número de aplicações, produtos que possibilitem uma degradação microbiana mais rápida e síntese de produtos com menor potencial de contaminação ambiental pode vir a corroborar no processo de racionalização e segurança do uso de pesticidas, como também preservar a biodiversidade da microbiota do solo. Os espalhantes adesivos são empregados na agricultura como adjuvantes na aplicação de pesticidas. Até o presente momento se conhecem estudos de eficácia de controle de agentes nocivos na presença e ausência de adjuvantes, mas pouco se conhece dos efeitos combinados dos mesmos com pesticidas no ambiente. Este estudo teve como objetivo verificar o efeito do óleo vegetal na persistência de endosulfan, inseticida que apresenta uso relevante em culturas de importante projeção no setor de agronegócios no Brasil. A priori foi conduzido um teste para selecionar o óleo mais adequado entre soja e girassol, sob processos degomado e refinado utilizando-se placas com meio de cultura e inoculação com Aspergillus sp (CAD G1), onde se observou um aumento de 81,07% do crescimento da colônia na presença do óleo de soja degomado e endosulfan (OSDu+E+I) comparado a ausência do óleo de soja (E+I). Diante dos resultados apresentados optou-se pelo óleo de soja degomado, cujo produto comercial é o Natur’l Oil. Os processos supracitados foram avaliados através de estudos de transformação de carbono e nitrogênio por microrganismos do solo, de lixiviação e biodegradabilidade em solos, testando as seguintes concentrações: DMA (700 g de endosulfan/ha) e DMA+O (700 g de endosulfan/ha misturado a 2L/ha de Natur’l Oil). Os resultados mostraram que estatisticamente não houve diferenças nos testes de transformações de carbono e nitrogênio, como biodegradabilidade em solos, quando comparados os tratamentos na ausência e presença do Natur’l Oil. Os resultados do teste de lixiviação mostram os seguintes percentuais de endosulfan: 91,68 e 66,04 no solo e para o lixiviado 5,18 e 4,98 nos tratamentos DMA e DMA+O, respectivamente. Os valores de lixiviado não diferiram entre si estatisticamente, no entanto no solo observou-se que a presença do Natur’l Oil promove uma menor adsorção do endosulfan e maior dissipação. Tendo em vista que a presença do Natur’l Oil não interfere nos processos de transformação de carbono e nitrogênio e no teste de biodegradabilidade do endosulfan em solos e que no processo de lixiviação a presença do óleo trouxe incrementos positivos, desfavorecendo a percolação do pesticida, a adição de óleos vegetais, como espalhante adesivo, deve ser considerada na aplicação de pesticidas para redução de lixiviação e por evitar o contato direito dos pesticidas com os microrganismos de solo, proporcionando uma maior fase lag e a preservação da biodiversidade.