(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2007-01-09
A China, sempre sedenta de energia, decidiu converter o frágil rio Mekong em uma rota de transporte de petróleo. Ambientalistas do sudeste da Ásia temem que os vazamentos destruam o sustento de milhões de ribeirinhos. Os ativistas manifestaram sua preocupação depois de uma primeira travessia de dois petroleiros pelo rio, que colocou em evidência a determinação de Pequim em encontrar rotas alternativas e mais baratas para importar petróleo. Os dois navios chegaram no dia 29 de dezembro a um porto da província chinesa de Yunán, com um total de 300 toneladas de petróleo refinado procedente de um porto da província tailandesa de Chiang Rai, informou a Xinhua, agência de notícias estatal chinesa.

A travessia do rio marcou “o lançamento de teste do programa chinês de transporte de petróleo com seus sócios do sudeste asiático”, destacou a agência, acrescentando que, “segundo especialistas, o Mekong servirá de alternativa ao estreito de Málaca como rota de transporte de petróleo e assegurará o abastecimento para Yunán e o sudeste da China em geral”. Os ambientalistas já haviam dado o alarme quando foram revelados os planos da nova rota em 2004, mas, se indignaram quando em meados do ano passado soube-se que Pequim havia conseguido aumentar a cota de petróleo que espera transportar pelo rio no futuro.

O acordo inicial, assinado em março passado por Birmânia, Laos, Tailândia e China permitia uma cota mensal de transporte de 1.200 toneladas de petróleo refinado. Mas, agora, Pequim espera transportar “70 mil toneladas anuais de petróleo refinado desde a Tailândia, somente pelo rio Mekong”, disse Qioa Xinmin, chefe do escritório de assuntos marítimos provinciais, citado pela Xinhua. “Tudo foi feito em segredo, sem informar ao público nem pedir opinião aos envolvidos, principalmente os que vivem junto ao rio”, queixou-se Premrudee Daoroung, co-diretora da organização ambientalista Towards Ecological Recovery and Regiona Alliance (Terra), com sede em Bangcoc. “Isto confirma quem controla o Mekong”, acrescentou.

O mesmo ocorreu quando Pequim convenceu os países situados ao sul de Yunán a dragarem o rio mediante explosões para permitir a navegação de grandes embarcações, segundo Premrudee. “ China dirigiu esse esforço e foi a primeira a colocar dinheiro, porque seria a principal beneficiária”, afirmou a ambientalista. Os temores de um possivel vazamento de petróleo foram alimentados pelo que os ambientalistas observam desde que alguns barcos começaram a fazer a rota Chiang Rai-Yunán, transportando produtos agrícolas como alho e maçãs.

“Estes cargueiros contaminam o rio, e isto afasta as pessoas que vivem à sua margem”, disse Pianporn Deetes, ativista da Rede pelos Rios do Sudeste da Ásia, com sede na cidade tailandesa de Chiang Mai. “As pessoas foram totalmente excluídas deste plano”, embora “um vazamento destrua o ecossistema do rio”, lamentou. O Mekong é o maior rio do sudeste asiático, com 4.880 quilômetros de comprimento. Começa sua viagem na meseta tibetana, atravessa Yunán, corre ao longo das fronteiras da Birmânia, Tailândia e Laos e, finalmente, serpenteia pelo Camboja e Vietnã, para desembocar no mar da China meridional.

Estima-se que 60 milhões de moradores ribeirinhos do Mekong, desde a Birmânia até o sul, dependem do rio para conseguir alimento, água e transporte. A pesca anual no trecho inferior do Mekong representa 2% “do total da captura mundial e 20% de toda a pesca mundial em cursos de água internos”, destacou a Comissão do Rio Mekong, organismo intergovernamental integrado por Tailândia, Laos, Vietnã e Comboja, com sede em Vientiane, capital do Laos.

A China decidiu recorrer ao Mekong como nova rota do petróleo num momento em que sua demanda por energia aumenta. A importação anual de petróleo é estimada em 140 milhões de toneladas ano, e tende a crescer, segundo informes. Quase 70% dessa importação são transportadas pelo estreito de Málaca. A rota do Mekong é um de dois planos da China para evitar o estreito. Em abril de 2006, Pequim assinou um acordo com o governo birmanês para construir um oleoduto entre o porto profundo de Sittwe e Kunming, capital de Yunán.

Essa idéia alarmou grupos ambientalistas e de direitos humanos da Birmânia por vários motivos: a repentina afluência de renda que ajudará o tirânico regime militar de Rangún, o dano ambiental que o oleoduto causará e as violações dos direitos humanos que deixará em seu caminho.

“Este oleoduto passará pelo centro da Birmânia. Haverá muitos reassentamentos e trabalhos forçados, porque a rota passa por zonas densamente povoadas”, alertou Wong Aung, porta-voz do Movimento Shwe do Gas, um grupo que luta pelos direitos da comunidade arakan na Birmânia. “Muitas árvores serão cortadas nas florestas que cobrem as terras dos arakam yoma”, acrescentou. Mas, “para os chineses não importa a destruição ambiental nem as violações dos direitos humanos, se precisam de petróleo”, disse à IPS.
(Por Marwaan Macan-Markar, IPS, 08/01/2007)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=26480&edt=1

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -