Ex-líder de mercado substituiu amianto por material sintético
2007-01-08
A polêmica em torno da exploração do amianto crisotila e do seu uso em produtos manufaturados como telhas e caixas d’água se estende aos empresários do setor. O Brasil tem 12 empresas e 20 fábricas que trabalham com fibrocimento (combinação de cimento e amianto). Uma delas, a Brasilit – que já foi a líder do mercado –, deixou de utilizar, no fim da década de 90, o amianto crisotila em sua linha de produção.
“A Brasilit deixou de trabalhar com o amianto na medida em que a comunidade científica internacional, que já vinha estudando o mineral havia vários anos, chegou a conclusão que ele, em todas as suas formas inclusive o crisotila, é cancerígeno”, argumentou o diretor-geral da empresa, Roberto Correa Neto, em entrevista à Agência Brasil.
A empresa optou pela troca do amianto pelo fio sintético. Esta mudança obrigou a Brasilit a investir R$ 120 milhões para adequar seus equipamentos para a produção de fio sintético. O diretor-geral da empresa afirmou que a decisão não teve caráter comercial.
Correa Neto acrescentou que mesmo perdendo a liderança do setor a empresa fez a opção em investir na saúde não dos trabalhadores, seus e de outras etapas da cadeia produtiva. “Por que pensar que só aquele que trabalha na extração ou na industrialização do amianto está exposto ao risco? Aquelas outras pessoas que trabalham cortando, serrando, fixando peças que contêm o amianto também estão – logicamente que numa quantidade menor – expostos ao efeito maléfico do amianto”.
A Brasilit tem, hoje, um faturamento anual de R$ 200 milhões e, segundo o diretor da empresa, voltou a crescer, depois de cinco anos de retração. Ele negou que a decisão da Brasilit de substituir o amianto pela fibra sintética fosse uma estratégia para expandir a exportação ao mercado europeu, que baniu o uso do amianto.
De acordo com ele, neste caso a produção brasileira não se enquadra muito aos sistemas construtivos daquele continente. “Na Europa, o produto fibrocimento para coberturas já não é muito utilizado”. Entretanto, ele afirmou que a Brasilit tem recuperado espaço no mercado exportador junto a outros países que também proibiram a utilização de qualquer tipo de amianto.
Por outro lado, o presidente da Eternit – atual líder do segmento –, Hélio Martins, defende que “o amianto é um produto fantástico para a necessidade que o Brasil tem de construção de baixo custo”. Ele afirma que que o Brasil tem uma jazida “de excelente qualidade” de amianto crisotila puro (fica em Minaçu, Goiás), e que ela suporta mais 50 anos de exploração.
(Por Marcos Chagas, Agência Brasil, 07/01/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/01/07/materia.2007-01-07.0176808908/view